quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Eduardo Cunha admite, "tudo ficará paralisado até que o Supremo esclareça o impeachment"

Em uma estratégia para postergar o trâmite do impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou nesta segunda-feira (21) que o processo só poderá ser iniciado quando a Suprema Corte analisar os embargos de declaração que serão ingressados em fevereiro pela Casa Legislativa. Segundo ele, não será possível instalar a comissão especial que analisará o afastamento da petista até que os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) esclareçam brechas em relação à votação de seus integrantes. O peemedebista disse ainda que, até a análise da Suprema Corte, não convocará as eleições para as comissões permanentes e técnicas, uma vez que a decisão derrubou a legitimidade das votações secretas e da disputa em candidaturas, como era realizada até então. "Ficou uma dúvida que não está clara para nenhum de nós, e eu não me sinto confortável em dar curso a uma eleição secreta, sem candidatura alternativa, se ela não ficar clara", disse. "Ficará paralisado tudo até o esclarecimento, inclusive a comissão do impeachment", acrescentou. O peemedebista também anunciou que autorizará a instalação nesta segunda-feira (21) da CPI do Carf. Os partidos de oposição articulam que a comissão de inquérito foque Luis Cláudio, filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, investigado na Operação Zelotes por receber pagamentos de lobista. A estratégia de Cunha é reiniciar o processo de impeachment apenas em março, quando a perspectiva dele e da oposição é de piora nos cenários político e econômico. O objetivo é também ganhar tempo até a eleição, marcada para fevereiro, do novo líder do PMDB na Casa, que será responsável pela indicação dos peemedebistas para o colegiado. Em articulação com o vice-presidente, Michel Temer, Cunha pretende restituir o posto a Leonardo Quintão (MG), que colocaria na comissão do impeachment nomes favoráveis ao afastamento de Dilma. Até março, aliados de Cunha defendem que ele paralise projetos de interesse do governo na Câmara para gerar um "cenário de caos" que agrave o quadro de crise, contribuindo para a queda da aprovação do governo e o fortalecimento de movimentos de rua pró-impeachment.

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