quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Eike Batista negocia venda do Hotel Glória a fundo árabe


O vento parece estar virando a favor do combalido Hotel Glória, no Rio de Janeiro. O prédio histórico, que teve as obras de reforma suspensas no segundo semestre de 2013, está sendo usado como moeda de troca em negociações de dívidas do grupo “X”. O empresário Eike Batista costura o arremate de um acordo com o fundo Mubadala, afirmam fontes próximas ao negócio. O fundo soberano de Abu Dhabi é credor da EBX, a holding do grupo, e já está presente em outras empresas criadas pelo empresário, como IMX, de entretenimento, e Prumo Logística. A meta de Eike era levantar entre R$ 230 milhões e R$ 250 milhões com a venda do hotel. O montante se mostrou, no entanto, um entrave ao fechamento do negócio ao longo do último ano, apesar do interesse de diversos grupos de hotelaria e grandes fundos de investimento. O próprio Mubadala considerava o valor alto demais, segundo fontes. Agora, o hotel pode fazer parte do processo de renegociação de dívidas de Eike. “Sabedor da importância daquele espaço para a cidade, mesmo em meio a um difícil processo de reestruturação de empresas do Grupo, tenho dedicado especial atenção à busca de alternativas que possam viabilizar economicamente a retomada das obras. A despeito da conjuntura econômica adversa nos planos externo e interno, acredito que estamos próximos do fechamento de uma parceria que vai permitir que o Hotel Glória volte a ser motivo de orgulho para os cariocas”, explicou Eike, por meio de nota. Desde o fim de 2014, quando o fundo suíço Acron deixou o negócio, Eike busca um investidor para reativar o projeto de hotelaria de luxo. O portfólio da gestora de fundos deste ano documenta a passagem meteórica do Gloria Palace Hotel pela sua carteira de ativos: foi adquirido por R$ 200 milhões e vendido para Eike por R$ 207,1 milhões em 2014. Em novembro daquele ano, Acron e EBX chegaram a anunciar a volta de Eike ao projeto, numa parceria para captar investimentos para o hotel. Depois disso, o projeto não avançou. Procurado, o Acron não comentou. Eike reconheceu, ontem, em nota, que as condições de suas empresas, sobretudo da petroleira OGX (atual OGPar, em recuperação judicial), impactaram negativamente as negociações relativas ao Hotel Glória, mas diz que encontrar uma solução para o ativo é prioridade: “A reversão de expectativas com relação a uma das empresas trouxe dificuldades para todos os empreendimentos do Grupo EBX, dentre os quais o Hotel Glória. Por conta da falta de recursos, tivemos que interromper as obras e todo o planejamento que tínhamos para tornar o local uma referência do turismo internacional”. Executivos próximos à EBX explicam que Eike teria rompido o contrato com a Acron por insatisfação com o desempenho do fundo, que teria, naquela altura, obtido apenas 10% da soma necessária ao negócio. Hoje, dizem essas mesmas fontes, a dívida do empresário com o Mubadala é de cerca de US$ 40 milhões. E que, provavelmente, o montante pode estar sendo abatido do valor pedido pelo hotel. O fundo árabe fez um aporte de US$ 2 bilhões na EBX em março de 2012. No ano seguinte, com a queda do império “X”, o Mubadala renegociou a parceria com o empresário e converteu sua participação em dívida. Hoje, está entre os maiores credores, com participação na Prumo Logística (ex-LLX) e na empresa de entretenimento IMX. O fundo tem ainda, em parceria com a trading holandesa Trafigura, 65% do Porto do Sudeste, em Itaguaí. Desde o fim de 2014, cessaram as conversas para retomada dos trabalhos com a Método, empresa que esteve à frente das obras até 2013. Após a assinatura do contrato com a Acron, conta uma fonte ligada à construtora, houve negociação, mas sem avanço. Com a Four Seasons, gestora canadense de hotéis de alto luxo, a situação não é diferente. Representantes da empresa estiveram no Rio em 2014 para assinar um contrato para operação do hotel. A própria companhia, dizem fontes de mercado, foi quem procurou Eike. O negócio era dado como certo, até que a parceria com a Acron desandou. Inaugurado em 1922, o Hotel Glória foi comprado por Eike em 2008 por R$ 80 milhões. Depois de pronto — o que deveria ter acontecido antes da Copa do Mundo de 2014, num primeiro momento, e das Olimpíadas de 2016, depois —, a promessa era que o Gloria Palace Hotel contaria com 352 apartamentos e duas suítes presidenciais. A situação do hotel tem efeito direto na revitalização do bairro da Glória. 

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