quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Ex-ministro petista Carlos Gabas e OAS trataram sobre terreno de camarote do Ilê Aiyê em Salvador





Os diálogos entre José Adelmário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, e o ex-ministro da Previdência Social, Carlos Gabas, apreendidos pelos investigadores da Operação Lava Jato, mostram que a relação dos dois começou antes de o atual secretário especial de Previdência Social intermediar negócios da empreiteira com o governo do Distrito Federal, em 2014. Dois anos antes, os dois trataram de um terreno em Salvador, local do camarote de um dos mais tradicionais blocos do carnaval baiano, o Ilê Aiyê. Documentos sigilosos da Lava Jato obtidos pelo jornal “O Estado de S. Paulo” mostram mensagem enviada por Pinheiro a Gabas em 11 de setembro daquele ano. O nome do bloco é grafado incorretamente na mensagem. “Precisamos conversar. Queria lhe falar tb sobre um terreno do INSS, que no carnaval é o Camarote do Ylê Ayê em Salvador, perto da Pça Castro Alves.”, diz Pinheiro a Gabas. Quinze dias depois, Léo Pinheiro envia mensagem a Rodolpho Tourinho, ex-ministro de Minas e Energia do governo Fernando Henrique e ex-diretor da OAS, que morreu no ano passado. “Rodolpho, Preciso lhe falar sobre uma reunião com Dr Gabas (Secretario Executivo do Ministério da Previdência) e uma posterior com o Dr Nelson Barbosa, que seria coordenada pelo Gabas. Assunto: Desoneração da Folha de pagamento. qdo puder me liga. Abs. Léo”, diz a mensagem, que cita o atual ministro da Fazenda. Na época, Barbosa era secretário-executivo da pasta. O jornal revelou nesta quinta-feira, 14, que Gabas intermediou negócios da empreiteira com o governo do Distrito Federal em 2014, época em que era comandado por Agnelo Queiroz (PT). Investigadores afirmam que “sobre Gabas, destaca-se que há trocas de mensagens ao menos desde junho de 2012, sendo um contato de pessoas vinculadas a empresas do grupo OAS com negócios relacionados ao governo”. Atual secretário especial de Previdência Social, Gabas é próximo à presidente Dilma Rousseff. Em 2013, ele levou a petista para passear de moto em sua garupa. Ele comandou o Ministério da Previdência de janeiro a outubro de 2015, quando a pasta foi fundida com a do Trabalho. Gabas nega qualquer envolvimento com a Lava Jato. As conversas envolvendo Gabas ocorreram entre 2012 e 2014, quando ele era secretário executivo do Ministério da Previdência. Elas foram obtidas pelos investigadores em Curitiba e remetidas à Procuradoria-Geral da República no ano passado por haver menção ao nome de Gabas. Até o momento, não há inquérito que investigue o envolvimento do ex-ministro na Lava Jato. Gabas disse não se recordar da conversa sobre o terreno do INSS na Bahia, mas afirmou que se desfez de terrenos da Previdência através de leilão. “Teve um interesse muito grande em terrenos da Previdência e todos os que nós desfizemos foram através de leilão e é descentralizado, a gerente que faz. Nós fizemos um grande processo de desmobilização”, disse Gabas. “Pode ser que o Léo tenha me perguntado, eu não me lembro o que eu respondi”, completou o ex-ministro: “Se foi feito, foi feito por Salvador". 

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