sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Netanyahu mantém nomeação e Israel ficará sem embaixador no Brasil

O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, disse na quinta-feira (14) que Dani Dayan continua sendo o seu nomeado para ocupar o cargo de embaixador de Israel em Brasília. Foi a primeira vez que o premiê tocou no assunto publicamente desde agosto, quando Dayan foi indicado. Com isso, e diante da posição brasileira de postergar indefinidamente o agrément (aprovação do Itamaraty) a Dayan, a ausência de um embaixador fará com que Israel deixe ao segundo escalão da embaixada o relacionamento diplomático com o Brasil – diminuindo, na prática, o nível das relações bilaterais. "Acredito que Dani Dayan é um candidato excepcionalmente qualificado. Ele continua a ser meu candidato. Acho que rotular pessoas é o próximo estágio após rotular produtos, e não quero rotular ninguém", disse Netanyahu. O premiê afirmou, porém, que pretende melhorar o elo com o Brasil: "Na verdade, temos um relacionamento crescente. Espero que possamos fortalecer essas relações".


Ainda não está certo por quanto tempo a embaixada ficará sem comando, mas se estima que isso se estenderia por seis meses a um ano. O próprio Dayan afirmou, em entrevista à rádio do Exército israelense, que "é realista" quanto às chances de ser aceito pelo Brasil e que, de certa forma, o cargo já não lhe parece "desafiador". "Entendo perfeitamente a situação. No último meio ano, o Brasil se deteriorou em todos os sentidos e se tornou bem menos importante e desafiador ser embaixador", declarou Dayan à rádio: "Mas não se trata de questão pessoal. O primeiro-ministro precisa decidir como lidar com um país que boicota um cidadão israelense por causa do local onde ele mora". Mesmo confirmando oficialmente que Dayan continua a ser seu nome para o Brasil, pessoas ligadas à Chancelaria israelense disseram que Netanyahu já sabe que ele não será aprovado. Tanto que o premiê procura um novo cargo para Dayan, que deve ser enviado a um dos dois consulados gerais nos Estados Unidos, em Nova York ou Los Angeles. Há, também, pelo menos duas outras opções de embaixadas. A controvérsia quanto à nomeação começou em agosto. Dayan foi apontado como candidato ao cargo depois que o embaixador anterior, Reda Mansour, voltou a Israel por questões pessoais após pouco mais de um ano. A escolha não agradou ao governo brasileiro porque Dayan foi anunciado por Netanyahu pelo Twitter (sem aviso prévio ao Itamaraty) e porque ele liderou, de 2007 a 2013, o conselho Yesha (representante dos 500 mil colonos israelenses na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental). A diplomacia do regime petista é contra a política de ocupação dos territórios palestinos. As tentativas de Israel de contatar diretamente a cúpula do governo brasileiro não deram certo. Netanyahu teria se queixado, inclusive, de que a presidente Dilma Rousseff havia "fugido" dele na conferência da ONU sobre o clima, em dezembro. 

Nenhum comentário: