domingo, 24 de janeiro de 2016

Panamá barra acesso da Lava Jato a dados



Com braços da investigação se estendendo já a 28 países, o avanço da Operação Lava Jato no exterior tem esbarrado em dificuldades de obter informações do Panamá, considerado por algumas instituições, como a Receita Federal, um paraíso fiscal. As investigações da operação da Polícia Federal sobre um esquema de corrupção na Petrobras apontaram para diversas provas envolvendo o país da América Central. É considerado um paraíso fiscal todo país que oferece um sistema tributário vantajoso para a instalação de empresas e que garante sigilo sobre os donos dos negócios. Segundo documentos do Ministério Público Federal, lá se encontram, por exemplo, sedes de empresas offshores ligadas a investigados, como o ex-diretor da Petrobras Jorge Luiz Zelada e contas bancárias que seriam usadas pela empreiteira Odebrecht no pagamento de propinas. A defesa de Zelada tem negado as acusações contra ele. A Procuradoria Geral da República, por meio da intermediação do Ministério da Justiça, fez um pedido de cooperação internacional ao Panamá em 27 de fevereiro de 2015. Em 14 de julho, fez um complemento ao pedido apresentado inicialmente. Foram solicitados dados bancários de instituições panamenhas, mas os alvos desse pedido estão sob sigilo. O pedido só foi respondido parcialmente até agora, o que levou procuradores a considerarem o país como o mais problemático dentre as 28 cooperações internacionais negociadas pela Lava Jato. Dentre esses países, um dos mais importantes foi a Suíça. É de lá que vieram dados sobre contas secretas ligadas à construtora Odebrecht que fizeram pagamentos a contas de ex-funcionários da Petrobras no Exterior. Esses dados foram considerados fundamentais para as acusações contra os executivos da empreiteira. A Odebrecht tem negado o pagamento de propina e o envolvimento com as irregularidades apontadas. Esses 28 países que cooperam com o Brasil na Lava Jato também incluem, por exemplo, Alemanha, Bahamas, Canadá, Estados Unidos, Reino Unido e Mônaco. Além de buscar informações no Exterior, o Brasil já recebeu pedidos de cooperação de oito países interessados também em investigar fatos relacionados à Lava Jato. Para este início de ano, por exemplo, estão previstas visitas de delegações de investigadores do Peru, Estados Unidos e Argentina para obter informações do caso.

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