sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Professor franco-argelino condenado por ligação com o terrorismo islâmico da Al Qaeda é afastado das aulas na UFRJ

Condenado na França por "associação com criminosos com objetivo de planejar um atentado terrorista", o físico franco-argelino Adlène Hicheur vai deixar de dar aulas na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) por orientação da própria instituição. Hicheur teve uma reunião na manhã desta quinta-feira (14) com a direção do Instituto de Física e foi aconselhado a continuar apenas seu trabalho como pesquisador na unidade. A universidade, que passou por greve em 2015, encerrará o segundo período do ano passado em março.


O físico pretende sair do País. Mas ainda tem contrato em vigor com a UFRJ, que termina em junho. Hicheur ainda avalia se vai romper o vínculo antecipadamente ou não. O afastamento teria o objetivo de evitar a exposição dele, de acordo com a versão dos representantes da UFRJ. De acordo com um funcionário da UFRJ, que preferiu não se identificar, Hicheur concordou com a orientação do Instituto de Física. A UFRJ confirmou a substituição do professor "para evitar que influências não acadêmicas interfiram no andamento das aulas". Segundo a nota da universidade, ele continua exercendo "atividades de pesquisa na pós-graduação". De acordo com diretor do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), Ronald Shellard, o franco-argelino quer sair do Brasil. "Ele quer sair do Brasil. Está decepcionado com tudo que fizeram com ele. Pegaram acusações infundadas e o acusaram", disse Shellard. O colega do físico afirma que Hicheur levava uma vida comum no Brasil e falava abertamente sobre sua prisão. O estrangeiro não demonstrava ter contato com terroristas e, em alguns momentos, chegou a criticar grupos extremistas como o Estado Islâmico, segundo o diretor. "Teve um episódio, por exemplo, que o Estado Islâmico ocupou uma cidade do Iraque, que ele veio à minha sala e falou que aquilo era estupidez, que estavam soltando o diabo", disse Shellard. Professor visitante do Instituto de Física da UFRJ, Hicheur foi condenado em 2012 a cinco anos de prisão. Ficou preso por dois anos e meio, entre 2009 e 2012, quando teve direito a uma redução de pena. A Justiça francesa o condenou com base em mensagens eletrônicas trocadas por ele com integrantes da rede terrorista Al Qaeda na Argélia. Na última segunda-feira (11), o ministro Aloizio Mercadante (Educação) afirmou que Hicheur não deveria ter entrado no Brasil. Mercadante afirmou acompanhar o caso há cerca de três meses, quando ainda era titular da Casa Civil. "É logico que Hicheur deveria ter sido bloqueado. Uma pessoa que foi condenada por prática de terrorismo não nos interessa para ser professor no Brasil. Não temos nenhum interesse nesse tipo de pessoa", disse Mercadante.

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