domingo, 24 de janeiro de 2016

Vaccari assumiu coordenação de propinas em 2010, diz delator

O delator da Lava Jato, Milton Pascowitch, afirmou em depoimento em Curitiba, na quarta-feira (20), que o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, passou a coordenar o pagamento de propinas ao partido no esquema de desvio de recursos da Petrobras no ano eleitoral de 2010, quando assumiu as finanças do PT. O empresário, que representava a Engevix, disse ter feito pagamentos ilícitos pessoalmente ao ex-tesoureiro na sala dele no diretório do PT, em São Paulo. Os recursos em espécie eram entregues em malas de rodinha, segundo afirmou em depoimento ao juiz Sérgio Moro, que conduz os processos da Lava Jato. Pascowitch diz que conheceu Vaccari no fim de 2009, apresentado por Renato Duque, ex-diretor da Petrobras. Na época, a Engevix havia assinado um contrato de US$ 3 bilhões com a Petrobras relacionado a cascos replicantes – unidades para produção, armazenamento e transferência de petróleo e gás. "Já nessa época existe diferenciação muito grande", disse o empresário a Moro. "O grupo político (nome que ele usa para se referir a quem era destinado parte da propina em contratos) já não é mais representado por José Dirceu, apesar de poder indiretamente ter participação, e passou a ser representado pelo João Vaccari". A troca de quem "comanda" o recebimento da propina coincide com as eleições e, segundo Pascowitch, com a necessidade de se ter dinheiro imediato, em espécie, e não parcelado ao longo dos anos, como era praxe. No contrato dos cascos citado pelo empresário, que se desenvolveria por sete anos, "foi feito então acordo e se diminuiu esse percentual (da propina) para que ele fosse liquidado durante ano de 2010. Não foi bem assim, porque ultrapassou para 2011, mas foi fechado o valor de R$ 14 milhões como comissões (propina)", disse Pascowitch. Desse montante, R$ 4 milhões foram doações registradas para o diretório nacional do PT. Mas R$ 10 milhões Pascowitch disse que foram repassados em dinheiro vivo, entre final de 2009 e meados de 2011. Também na quarta-feira, em depoimento, o delator Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras, disse que o esquema de pagamento de propina por empresas que tinham contratos com a estatal "era para manter status quo", porque se tratava de "uma sistemática que existia e se aprofundou". No depoimento, o delator voltou a afirmar que percentuais de propina eram destinados a ele, ao chefe, Renato Duque, e ao PT, com intermédio de João Vaccari Neto. 

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