quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Agora é final, Bolívia rejeita quarto mandato para o indio cocaleiro trotskista Evo Morales


A Bolívia rejeitou a reforma constitucional promovida pelo ditador indio cocaleiro trotskista Evo Morales, de 56 anos, para se candidatar a um quarto mandato (2020-2025) - segundo a contagem oficial do Organismo Eleitoral Plurinacional (OEP) boliviano, com quase 100% das urnas apuradas. De acordo com o último boletim oficial, após a apuração de 99,72% dos votos, o "não" venceu com 51,30%, contra 48,70% para o "sim". A tendência é irreversível. Mais de seis dos dez milhões de bolivianos foram às urnas no domingo para decidir sobre uma reforma constitucional. A aprovação do "sim" possibilitaria uma terceira reeleição do presidente, junto com seu vice, Álvaro García Linera, ambos do MAS (Movimiento al socialismo, derivado do ERP, Exército Revolucionário Popular, da Argentina). Esta foi a primeira derrota eleitoral direta do ditador Evo Morales desde sua chegada ao poder em 2006. Os resultados oficiais apontam que a rejeição ganhou em seis dos nove departamentos (estados) do país - Potosí, Tarija, Chuquisaca, Santa Cruz, Beni e Pando. Já La Paz, Oruro e Cochabamba votaram a favor da reforma. A presidente do Tribunal Eleitoral, Katia Uriona, destacou o esforço feito pelo órgão para garantir a rapidez e a precisão na contagem dos votos. A apuração começou pelos centros urbanos até, finalmente, chegar às zonas rurais.


Para o líder opositor boliviano Samuel Doria Medina, a derrota de Evo Morales deixa como mensagem para a oposição a urgência de se unir. "A principal mensagem a extrair é a da unidade, ou seja, que o caminho da unidade é o de que a Bolívia necessita", afirmou, insistindo em que "a principal mensagem que a população nos deu é que, se trabalharmos unidos, teremos resultados". O resultado exige que "encontremos um mecanismo para manter essa unidade", acrescentou o líder de centro. Doria Medina perdeu duas vezes para Morales - consecutivamente e por uma ampla diferença - na disputa à Presidência do país. Em sua conta no Twitter, o ex-presidente liberal Jorge Quiroga comemorou: "Bolívia diz NÃO ao autoritarismo. NÃO à corrupção. NÃO ao Chavismo. NÃO ao narcotráfico. NÃO ao desperdício". O ex-presidente Carlos Mesa - porta-voz da causa marítima contra o Chile liderada por Morales, mas contrário à extensão de seu governo - tuitou que "o triunfo do NÃO retrata a consciência do país que sabe que o respeito à Constituição limita o poder absoluto dos governantes". "Presidente, o que o voto dos bolivianos disse é que não há pessoas imprescindíveis, há apenas causas imprescindíveis". Mais cedo, a Missão de Observação Eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA) pediu às autoridades que aceitem e respeitem os resultados do referendo de domingo. "A Missão convida os representantes das diferentes opções e os membros das forças políticas a aceitarem os resultados entregues pelo Órgão Eleitoral Plurinacional, única autoridade competente para esta tarefa", declarou a OEA em um comunicado à imprensa. "Peço, hoje (terça-feira), calma aos partidários das diferentes opções e aos cidadãos enquanto são processados os resultados finais", completou a organização, corroborando a transparência do processo. Na segunda-feira, o presidente Evo Morales garantiu que respeitará os resultados do referendo. Nesta terça, a calma prevalecia nas cidades bolivianas e, em La Paz, as atividades cotidianas eram normais. Salvo um pequeno grupo de ativistas que, na noite de segunda-feira, fez um plantão de poucas horas em frente ao centro de apuração, não houve incidentes. 

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