quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Ex-ministro catarinense é acusado de fazer lobby para empresas investigadas na Lava-Jato


Ex-ministro do Trabalho, o catarinense Manoel Dias (PDT) foi acusado pelo empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da construtora UTC, de fazer lobby, enquanto comandava a pasta, para contornar questões trabalhistas em obras contratadas pela Petrobras no pólo naval de Rio Grande, no Rio Grande do Sul. Pessoa fez um acordo de delação premiada e cumpre prisão domiciliar desde abril do ano passado em função da Operação Lava-Jato. O empresário enviou um e-mail à Procuradoria Geral da República com as acusações. Segundo Pessoa, os problemas trabalhistas ocorreram em obras de cascos de navios e construção de plataformas de petróleo encomendadas pela estatal à Engevix e um consórcio composto por Queiroz Galvão, Camargo Corrêa, Iesa Oléo e Gás e UTC.


Na ocasião, em 2013, as obras estavam paralisadas por conta da ação do Ministério Público do Trabalho do Rio Grande do Sul (no qual trabalha a filha de Dilma), que montou uma força-tarefa e constatou diversas irregularidades, tais como desrespeito ao descanso semanal obrigatório, jornadas de trabalho excessivas, além de problemas ligados à segurança dos trabalhadores. Para resolver a situação, empreiteiros teriam procurado o então ministro para que ele intervisse e destravasse as obras, que seriam de interesse do próprio governo federal. Ainda segundo o delator, um dos responsáveis pelo desbloqueio das obras seria o ex-deputado estadual gaúcho Heron Oliveira, também do PDT, que então atuava como superintendente regional do trabalho em Porto Alegre. Heron Oliveira negou que tenha beneficiado as empresas. Segundo ele, a responsabilidade pela interdição dos trabalhos no pólo naval de Rio Grande era dos auditores ligados ao Ministério do Trabalho, sob os quais ele não tinha autoridade. Ainda de acordo com Heron Oliveira, o ex-ministro Manoel Dias pediu para que o superintendente acompanhasse o caso à época e o mantivesse informado, mas sem qualquer tipo de exigência. Ele lembrou ainda que a sua relação com Dias era partidária e que a indicação para o cargo ocorreu após disputa interna no partido. O ex-deputado gaúcho conta ainda que as obras só foram autorizadas a prosseguir vários meses depois, quando as irregularidades apontadas foram sanadas pelas empreiteiras. 

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