sábado, 20 de fevereiro de 2016

Grã-Bretanha marca referendo para decidir sobre a saída da União Européia


Depois de conseguir, na noite de sexta-feira, um "acordo de status especial" para o Reino Unido dentro da União Européia, o primeiro-ministro britânico David Cameron marcou, este sábado, a data para o referendo popular sobre a permanência do país dentro do bloco: 23 de junho. "A escolha é sobre o tipo de país que queremos ser e sobre o futuro que queremos para os nossos filhos. Trata-se de como nós nos relacionaremos comercialmente com os países vizinhos para criar empregos, prosperidade e segurança financeira para nossas famílias", afirmou Cameron. O anúncio veio após uma reunião com o Gabinete, em que os ministros foram liberados para assumir a posição que desejassem. O premier defende a permanência no bloco, destacando que, se a saída ocorrer, a "segurança econômica e nacional do Reino Unido ficará ameaçada". No entanto, essa defesa esbarra em algumas condições. Com o acordo alcançado na sexta-feira, alguns pontos já foram resolvidos, mas a insatisfação com as políticas da União Européia continuam. Uma das partes mais polêmicas do acordo foi o pedido britânico para que não sejam mais pagos benefícios sociais a imigrantes internos, o chamado “freio de emergência”, limitado pela União Européia em no máximo quatro anos. A medida é a mais criticada pelos outros países do bloco, despertando a oposição ferrenha de Polônia, República Tcheca, Hungria e Eslováquia, que têm milhares de cidadãos trabalhando no Reino Unido. Cameron considera que o "status especial" significa que o Reino Unido está fora das regiões da União Européia que "não funcionam para nós", como ele mesmo disse. Ele menciona que isso inclui não fazer parte do euro e de um exército europeu. A Escócia reagiu à notícia, dizendo que tentará um novo referendo sobre independência se o Reino Unido deixar a União Européia. Nicola Sturgeon, líder do Partido Nacional Escocês e do governo escocês, disse que apóia a permanência na União Européia, e as pesquisas mostram que a maioria dos 5 milhões de escoceses também endossa essa visão. No entanto, o voto escocês é reduzido diante dos 53 milhões de representantes ingleses, cerca de 84% da população do Reino Unido. "Se chegarmos a essa situação, na qual a Escócia vota para ficarmos, e o resto do Reino Unido vota para saírmos, então as pessoas da Escócia terão muitos questionamentos e vão querer mais uma vez descobrir se a Escócia deveria ser independente". Os escoceses rejeitaram a independência por 55% a 45% no referendo realizado em 2014, mas, desde então, o SNP ganhou ainda mais força, tomando 56 dos 59 assentos escoceses no Parlamento nacional, em Londres, na última eleição de maio.

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