quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Juiz Sérgio Moro relata ao STF risco de fuga de executivos da Odebrecht


Em ofício encaminhado ao Supremo Tribunal Federal, o juiz federal Sergio Moro usou o risco de fuga de executivos da Odebrecht como argumento para a permanência na prisão do empreiteiro Marcelo Odebrecht. O empresário, preso desde junho na Operação Lava Jato, tenta conseguir habeas corpus na corte, o que foi negado em instâncias inferiores. Em documento dirigido ao ministro Teori Zavascki nesta quarta-feira (24), Moro diz que dois executivos da Odebrecht, Fernando Migliaccio e Luiz Eduardo da Rocha Soares da Silva, se mudaram para os Estados Unidos durante a investigação com despesas bancadas pela empreiteira. Migliaccio era alvo da fase Acarajé, deflagrada na segunda-feira (22), mas já estava preso na Suíça. Moro lembrou ainda do caso de Bernardo Shiller Freiburghaus, suspeito de intermediar propina da Odebrecht e que se "refugiou" na Suíça. "Os fatos em princípio revelam risco à aplicação da lei penal e risco à instrução e investigação em relação às apurações em andamento", escreveu o juiz. No mesmo ofício, Moro lembrou que o Ministério Público Federal pediu uma nova prisão preventiva do empreiteiro. O juiz disse que rejeitou o pedido para "evitar a percepção equivocada" de que buscava obstruir a libertação do empresário por outra instância da Justiça. No despacho que decretou a prisão do marqueteiro João Santana e sua mulher, Mônica Moura, Moro já tinha dito que anotações encontradas no celular de Marcelo Odebrecht sugeriam que o ex-presidente do grupo orientou executivos que controlavam contas no Exterior a sair do país. Anotações encontradas no celular de Marcelo Odebrecht trazem frases suspeitas, na visão do juiz, como "HS/LE. Como estão? Ir para fora já", "HS e equipe: fechar todas as contas sob risco", "Proteger nossos parceiros sem aparecermos" e "HS e equipe: viajar já". HS seria o executivo Hilberto Silva e LS, Luiz Eduardo da Rocha Soares. Silva aparece como representante da Odebrecht na documentação de uma offshore chamada Smith & Nash, suspeita de intermediar propinas para ex-executivos da Petrobras, como Paulo Roberto Costa e Pedro Barusco. Marcelo Odebrecht foi chamado nesta semana na sede da Polícia Federal no Paraná para dar explicações sobre as anotações, mas se manteve em silêncio. O advogado de Marcelo Odebrecht, Nabor Bulhões, disse em petição enviada na terça-feira (23) ao juiz federal que seu cliente quer ter acesso às investigações da fase Acarajé para então explicar o significado das anotações encontradas no celular do executivo. Como está na fase final de preparação da defesa de Marcelo em uma das ações penais da Lava Jato, o advogado solicitou que o depoimento sobre as explicações seja agendado para uma data futura.

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