quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

‘Só não vou aceitar ir para Curitiba’, diz Delcídio a senadores petistas


Em conversa com senadores do PT na terça-feira, o senador Delcídio Amaral (PT-MS), que está em regime de recolhimento noturno após ter passado quase três meses preso, deixou claro que não aceitará ter seu mandato cassado. "Só não vou aceitar ir para Curitiba", afirmou Delcídio aos senadores Humberto Costa (PT-PE) e Paulo Rocha (PT-PA), em referência à Justiça Federal do Paraná, onde o juiz Sérgio Moro já emitiu diversas sentenças de condenação no âmbito da operação Lava-Jato. Humberto Costa e Paulo Rocha estiveram com Delcídio na terça-feira, na residência onde ele tem permanecido desde que deixou a prisão, na última sexta-feira. Na conversa, Delcídio disse que não pretende criar problemas em relação à presidência da Comissão de Assuntos Econômicos, nem qualquer outro constrangimento ao PT, mas enfatizou que não irá tolerar perder o mandato e, consequentemente, o foro privilegiado. Segundo Humberto Costa, Delcídio negou que tenha feito delação premiada durante o tempo em que esteve preso, mas afirmou que conversou com diversos procuradores nesse período, sem revelar o teor exato dessas conversas. "Toda semana chegava um grupo de procuradores perguntando coisas", disse Delcídio. Humberto Costa afirmou não ter interpretado a fala do colega como uma ameaça, mas defendeu que uma eventual delação premiada por parte de Delcídio teria o efeito de precipitar a cassação do seu mandato no Conselho de Ética do Senado. "Se ele faz uma delação premiada, ele admite a participação em crimes e, do ponto de vista do Conselho de Ética, isso é razão suficiente para cassá-lo", afirma Costa. Delcídio disse ainda aos senadores que gostaria de ir ao Senado fazer sua defesa no Conselho de Ética. Mas, ouviu como resposta que deveria “refletir melhor” sobre os cenários possíveis com seu retorno, inclusive com a possibilidade de enfrentar manifestações e ficar isolado, a exemplo do que ocorreu com o senador cassado Demóstenes Torres, após a revelação de seu envolvimento com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, em 2012. Horas depois, na noite de terça-feirta, auxiliares de Delcídio comunicaram ao Senado que ele tirará uma licença de 15 dias para cuidar da saúde. Está marcada para esta sexta-feira, uma reunião do Diretório Nacional do PT no Rio de Janeiro que deverá ratificar a decisão da Executiva do partido de suspender o senador e definir como será feito o processo disciplinar a que será submetido. No fim de semana, Delcídio foi avisado pela cúpula petista que, caso criasse problemas para o PT, sofreria um processo público de expulsão. 

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