quarta-feira, 16 de março de 2016

Associação de delegados manifesta repulsa diante de fala de Lula

A ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal) emitiu nota nesta quarta-feira (16) para "manifestar total indignação e repulsa" diante de gravações em que Lula conversa sobre o subprocurador-geral da República, Eugênio Aragão,recém-nomeado para o cargo de Ministro de Estado da Justiça. "Na gravação, fica claro a intenção de que o nomeado interfira nas ações da Polícia Federal", diz a nota da entidade. "É lamentável constatar que agentes públicos (...) queiram praticar atos de ingerência política numa das mais importantes investigações em curso no País". Em conversa telefônica captada pela Polícia Federal na Operação Lava Jato, Lula defende que Aragão "deveria cumprir um papel de homem" e provar que é amigo, num aparente pedido de ajuda para se livrar do juiz federal Sergio Moro. A conversa aconteceu em 27 de fevereiro entre o ex-presidente e Paulo Vanucchi, diretor do Instituo Lula e ex-ministro da Secretaria de Direitos Humanos de seu governo. A Polícia Federal crê que a conversa se refere à Aragão. Os delegados dizem ainda que a indicação de Eugênio Aragão ficou comprometida "diante da demonstração de que sua indicação teve por finalidade controlar as ações da Polícia Federal". A nota da associação também aproveitou para defender a PEC 412/2009 (Proposta de Emenda à Constituição nº 412, de 2009), que, segundo a instituição, garante estabilidade institucional à Polícia Federal. Leia a íntegra da nota:
Os Delegados de Polícia Federal, representados pela Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), vêm a público manifestar total indignação e repulsa diante dos trechos, revelados pela imprensa, da conversa entre o ex-Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, a respeito do Subprocurador-Geral da República, Eugênio de Aragão, recém-nomeado para o cargo de Ministro de Estado da Justiça.Na gravação, já tornada pública pela 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba, fica claro a intenção de que o nomeado interfira nas ações da Polícia Federal. É lamentável constatar que agentes públicos, que deveriam agir com imparcialidade, transparência e moralidade, para a garantia da aplicação da Constituição Federal e das Leis, queiram praticar atos de ingerência política numa das mais importantes investigações em curso no país.A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal já havia alertado sobre o risco de interferência política na Polícia Federal em razão da falta de autonomia da instituição. Restou comprometida, desta forma, a indicação de Eugênio Aragão para o cargo de Ministro da Justiça, diante da demonstração de que sua indicação teve por finalidade controlar as ações da Polícia Federal.Ante esses estarrecedores fatos, reiteramos urgência da aprovação da Proposta de Emenda Constitucional 412/2009 (PEC 412/2009), que estabelece a Autonomia para a Polícia Federal, garantindo que continuará a atuar de forma republicana e firme no combate ao crime organizado e à corrupção.

Nenhum comentário: