terça-feira, 15 de março de 2016

Bancada do agronegócio se reúne para aprovar defenestrações de Dilma e Eduardo Cunha

A mais representativa bancada lobista do Congresso, a do Agronegócio, vai se reunir nesta quarta-feira (16) para deliberar um apoio coletivo ao impeachment da presidente Dilma Rousseff e à saída de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da presidência da Câmara. A FPA (Frente Parlamentar do Agronegócio) tem 60 deputados em seu núcleo, espalhados pelos mais fortes partidos do Congresso. Entre seus 14 diretores, há deputados e senadores de nove partidos, entre eles PMDB, PSDB, PDT e PSB. Há 230 frentes parlamentares em atuação no Congresso. Elas só podem ser aprovadas com apoio de 1/3 dos congressistas, mas em geral têm poucos membros efetivos e fraca atuação, o que não ocorre com a FPA. Os parlamentares da FPA se reúnem semanalmente numa casa em Brasília para discutir os temas que afetam o setor, que são acompanhados por uma equipe de assessores. Na reunião semanal da bancada desta terça-feira (15), 27 deputados participaram do encontro e relataram que estão sofrendo pressões fortes de eleitores para apoiar o impedimento da presidente Dilma Rousseff. Segundo eles, a pressão é espalhada por todas as áreas e ocorre das cidades onde visitam no interior aos aeroportos. "Um parlamentar foi xingado hoje no aeroporto. E ele é um dos que mais pedem para que o impeachment ande. Somos vítimas da ira da sociedade, muitas vezes pagando por atos que não foram pessoais", afirmou Marcos Montes (PSD-MG), presidente da FPA. O presidente da FPA disse que ao fim da reunião desta terça-feira um grupo de 12 parlamentares pediu para que fosse deliberado o apoio formal da frente ao impeachment da presidente. Segundo ele, como o número era pequeno em relação à frequência normal, ele convocou uma reunião extraordinária para deliberar sobre o tema. A expectativa é que amanhã cerca de 50 deputados estejam na reunião. Mesmo sendo de um partido que está na base do governo, Montes diz que sua posição pessoal é a favor do impeachment como o melhor caminho para que o país volte a ter governabilidade. "As entidades que nós representamos têm nos apertado. Recebemos ofício da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio) que quer um posicionamento nosso sobre a volta da governabilidade no País. Do jeito que está, não haverá", afirmou Montes. Segundo ele, para que a bancada não seja taxada como linha de frente do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ele vai propor que também seja apoiada a saída dele da presidência da Câmara. Cunha é réu num processo de corrupção tramitando no STF. A FPA tenta fazer lobby para que o Supremo Tribunal Federal mude o entendimento do relator do processo sobre o rito do impeachment na Câmara, ministro Luis Roberto Barroso. Eles querem que os ministros liberem a votação para que os parlamentares possam escolher uma chapa própria de integrantes da comissão que vai processar a presidente. Barroso entende que a comissão tem que ser formada por parlamentares escolhidos pelos líderes partidários e anulou a votação feita na Câmara ano passado que escolheu uma chapa para a comissão que havia sido aprovada em plenário com parlamentares não indicados pelos líderes.

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