segunda-feira, 14 de março de 2016

Conselho rejeita exoneração de procurador que investiga Lula

O Conselho Superior do Ministério Público Federal rejeitou nesta segunda-feira (14) pedido de exoneração do procurador federal Douglas Kirchner, que foi acusado de violência por sua mulher. Kirchner atua no grupo de Combate à Corrupção da Procuradoria da República no Distrito Federal e é acusado pela defesa do poderoso chefão Lula de negar aos advogados acesso aos documentos do procedimento que investiga se o petista cometeu tráfico de influência internacional a favor da Odebrecht em contratos firmados com o BNDES. Segundo a denúncia, o episódio de violência ocorreu em 2014, quando Douglas e sua mulher, Tamires Souza Alexandre, integravam uma seita religiosa chamada Igreja Evangélica Hadar, em Porto Velho (RO). Por 5 votos a 4, o conselho do Ministério Público Federal decidiu que Kirchner continuará até maio no chamado estágio probatório, período de avaliação no qual o servidor deverá demonstrar aptidão e capacidade para o exercício do cargo. O procurador tomou posse em 2014. Segundo a acusação, ele integrava a seita religiosa e teria permitido e presenciado castigos impostos por uma pastora a sua mulher. De acordo com a denúncia, Tamires chegou a levar uma surra de cipó da pastora por ter jogado sua própria aliança de casamento fora. Também segundo a denúncia, o nome da mulher de Kirchner foi dado a uma cadela da seita e Tamires ficou dormindo no chão da casa onde o procurador morava, sem acesso a itens de higiene pessoal. O caso foi descoberto depois que ela fugiu do alojamento da seita, onde passou alguns dias, e fez uma denúncia ao Ministério Público Estadual de Rondônia. Para a maioria dos integrantes do conselho, não há provas de que Kirchner tenha cometido, ele próprio, violência contra sua mulher. Além disso, o procurador estava "sem discernimento" para reagir devido ao envolvimento com a seita. Alguns conselheiros ressaltaram que ele poderia ter sido alvo de uma "lavagem cerebral". A maioria dos conselheiros também entendeu que a ligação de Kirchner com o grupo religioso não trouxe prejuízos para a carreira. Relatora do caso, a vice-procuradora-geral da República, Ela Wiecko, votou pela exoneração, mas acabou derrotada. "Há evidências mais que suficientes de que Douglas Kirchner praticou violência contra mulher, no contexto religioso", afirmou. Para a relatora, a ligação com seitas religiosas coloca em risco a independência funcional do procurador que não teria capacidade e equilíbrio para ponderações. A defesa de Kirchner disse que o caso não tinha relação com violência doméstica, mas com liberdade religiosa. Após o episódio com sua mulher, Douglas deixou Porto Velho e foi transferido para a Procuradoria da República no Distrito Federal, passando a atuar no caso envolvendo Lula. 

Nenhum comentário: