quinta-feira, 3 de março de 2016

Defesa de João Santana diz que Polícia Federal faz ilações sem provas


A defesa do marqueteiro João Santana e de Mônica Moura afirmou que são inconsistentes os argumentos usados pela Polícia Federal para pedir ao juiz Sergio Moro que a prisão temporária deles, que venceu nesta quinta-feira (3), seja convertida em preventiva (por tempo indeterminado). Entre os argumentos da Polícia Federal estão a hipótese de que Santana pode ter sabido com antecedência da operação. Policiais também afirmam que Santana, que estava na República Dominicana, excluiu sua conta no Dropbox, um serviço de armazenamento e compartilhamento de arquivos em nuvem enquanto a polícia deflagrava a fase Acarajé da Operação Lava Jato. "Se for verdade que os peticionários (Santana e a mulher) já sabiam da operação, por que diabos João deixaria para encerrar sua conta no Dropbox já no próprio dia da operação e não nos dias anteriores?", afirma a peça de defesa, assinada pelos advogados Fabio Tofic e Debora Perez. Eles criticaram o fato da prisão temporária ter sido prorrogada para ouvir esclarecimentos do casal sobre planilhas que indicam que a Odebrecht realizou pagamentos a ele no Brasil, mas a Polícia Federal não ter marcado um novo depoimento para indagá-lo em Curitiba. Nesta quinta-feira, ao representar para que os dois continuem presos, a Polícia Federal informou a existência de uma nova planilha que indica pagamentos de R$ 21,5 milhões à "Feira" – codinome atribuído a João Santana e Mônica – entre 2014 e maio de 2015. As anotações estavam em poder de Maria Lúcia Tavares, funcionária da Odebrecht presa pela fase Acarajé e libertada na quarta-feira (2). Os advogados afirmaram que os investigadores não apresentaram prova que os repasses, de fato, existiram e criticou o Ministério Público Federal por inferir que os supostos pagamentos teriam sido realizados enquanto a Lava Jato já estava em curso – o que tornaria Santana ciente da origem escusa do dinheiro. "Ainda mais falacioso é o argumento usado sobretudo pelo Ministério Público Federal, de que tampouco a notoriedade das investigações serviu para cessar o recebimento de valores que vinham da Odebrecht. A uma, porque não se tem provas de que tais pagamentos foram efetuados, e, a duas, porque neste período indicado pelo Ministério Público Federal não havia um único funcionário da Odebrecht preso, ou até mesmo formalmente acusado de corrupção na dita operação", diz trecho do documento protocolado pela defesa. 

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