terça-feira, 15 de março de 2016

Delcídio envolve presidente do PR em "jogo combinado" de propinas


Faxinado pela presidente Dilma Rousseff do Ministério dos Transportes em 2011, o deputado federal e presidente do PR, Alfredo Nascimento (AM), também foi citado pelo ex-líder do governo Delcídio do Amaral (MS) em acordo de delação premiada. Ao Ministério Público, o senador afirmou que Nascimento articulava "vários investimentos espúrios" com governadores de diversos partidos e comandou um esquema de arrecadação de propinas que serviu para irrigar campanhas eleitorais do PR e do PMDB. De acordo com Delcídio, Alfredo Nascimento, à frente do Ministério dos Transportes, coordenou os principais projetos nas áreas de rodovias, ferrovias e portos do país. Segundo ele, a posição privilegiada no alto escalão do governo favorecia a articulação de esquemas fraudulentos, entre eles um "jogo combinado" com o ex-governador do Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (de 2007 a 2015), e seu ex-secretário de Obras, Edson Giroto. "Foi realizado um 'acordo' ilícito a fim de promover uma descentralização de todos os investimentos federais no Estado, de forma a facilitar a arrecadação de propinas", disse Delcídio. O delator detalhou que Giroto era responsável pela operacionalização desse processo de descentralização de investimentos. A propina arrecadada era então repassada por Alfredo Nascimento ao PR e ao PMDB e foi utilizada para abastecer campanhas dos dois partidos. Conforme Delcídio, foi o próprio ex-secretário de Obras que narrou a ele o funcionamento do esquema de corrução. O escândalo, ainda segundo o ex-líder do governo, foi descoberto em apenas alguns pontos. Delcídio pondera que os fatos descobertos, porém, já foram suficientes para que o Ministério Público e a Polícia Federal deflagrassem a Operação Lama Asfáltica. A ação segue em andamento e já teve 40 pessoas denunciadas e 84 milhões de reais em bens bloqueados. O delator ainda comenta a situação das apurações e afirma que a operação da Polícia Federal "aparentemente vem enfrentando dificuldades em avançar nas investigações". Em julho de 2011, reportagem de VEJA revelou um esquema de corrupção montado no Ministério dos Transportes sob o comando do PR. O partido cobrava 4% de propina de empreiteiras interessadas em contratos com o governo. O esquema tinha como coração o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e a Valec, estatal das ferrovias. A maior parte do dinheiro ia para o caixa do PR, sob a direção do então ministro Alfredo Nascimento e do deputado Valdemar Costa Neto. O restante era destinado aos parlamentares dos Estados em que as obras eram - ou deveriam ser - feitas. Segundo os auditores da CGU, 760 milhões de reais foram desviados. A Polícia Federal abriu 79 inquéritos sobre os desmandos na pasta, e 55 servidores públicos foram investigados. O escândalo derrubou o ministro, seu chefe de gabinete (Mauro Barbosa), os chefes do Dnit (Luiz Antonio Pagot) e da Valec (José Francisco das Neves, o Juquinha) e mais de vinte funcionários da pasta. Em 2013, o partido retomou o controle da pasta.

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