sábado, 5 de março de 2016

Incêndio atinge refinaria da Petrobras em Pasadena, pode ser queima de arquivo

Um incêndio de grandes proporções atingiu neste sábado (5) de manhã a refinaria da Petrobras em Pasadena, no Texas, informaram a polícia e a Guarda Costeira dos Estados Unidos. Três pessoas sofreram queimaduras, uma delas grave. De acordo com o departamento de polícia de Pasadena, o incêndio foi provocado por uma explosão em um gerador da refinaria, que tem capacidade para processar 100 mil barris por dia (bpd). O serviço de inteligência da indústria de energia Genscape informou que uma unidade de hidrotratamento de óleo de 35 mil bpd da refinaria foi fechada. Ainda segundo a Genscape, todas as outras unidades do sistema de 100 mil bpd parecem continuar operando normalmente. Bombeiros de Pasadena e de Houston estavam trabalhando no combate às chamas, de acordo com os dois departamentos. "Um dos rapazes ficou bastante queimado", disse uma fonte com conhecimento das operações de emergência no local: "Acho que os outros dois não ficaram tão mal". A compra pela Petrobras da refinaria de Pasadena, em 2006, levantou suspeitas de superfaturamento e evasão de divisas na negociação. Mas o caso ganhou ainda mais repercussão porque, na época, quem presidia o Conselho de Administração da estatal, que deu aval à operação, era a atual presidente da República, Dilma Rousseff, secundada, entre outros, pelo barão do aço, o empresário gaúcho Jorge Gerdau Johannpeter, também membro do Conselho de Administração da estatal. A refinaria é uma unidade de refino de petróleo que está localizada no Houston Ship Channel, umas das vias navegáveis mais importantes dos Estados Unidos. Tem capacidade para refinar cerca de 120 mil barris de petróleo por dia e entrou para o patrimônio da Petrobras em 2006, quando a estatal comprou 50% de suas ações. A Petrobras teria desembolsado um valor muito alto pela usina, o que originou investigações no Brasil de evasão de divisas e de superfaturamento. A empresa belga Astra Oil pagou US$ 42,5 milhões por toda a refinaria em 2005 e, um ano depois, a estatal brasileira gastou US$ 360 milhões para ter apenas 50% das ações (US$ 190 milhões pelos papéis e US$ 170 milhões pelo petróleo que estava em Pasadena). Além dessa diferença, o custo total que saiu do caixa da Petrobras ficou muito maior porque o contrato assinado por ambas contava com uma cláusula (chamada Put Option) que iria prejudicar ainda mais a estatal no futuro. Uma segunda cláusula, a Marlim, também foi motivo de desavença entre Astra e Petrobras. O caso de Pasadena é um dos alvos da operação Lava Jato. Os investigadores já disseram ter encontrado indícios de recebimento de propina por parte de ex-funcionários da Petrobras na operação de compra, e cogitaram até mesmo pedir a anulação da aquisição. Em acordo de delação premiada, o senador Delcídio do Amaral (MS) disse que presidente Dilma sabia do esquema de superfaturamento por trás da compra da refinaria. Ele disse ainda que Dilma atuou para que Nestor Cerveró, ex-diretor da estatal e um dos presos na Lava Jato, fosse mantido na direção da Petrobras. O governo contestou as acusações. “A decisão de autorização da compra da Refinaria da Pasadena foi tomada por unanimidade no Conselho de Administração – incluindo a participação de membros com amplo conhecimento de mercado e habituados a grandes investimentos. A decisão do Conselho estava alinhada com o Plano Estratégico Petrobras 2015 e seguiu os procedimentos regulares previstos no Estatuto Social da empresa”, diz o documento divulgado nesta quinta (3) pelo Planalto. Agora, não há como escapar do violento cheiro de queima de arquivo no incêndio da refinaria de Pasadena. 

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