segunda-feira, 14 de março de 2016

Leilão de fatia da construtora OAS na Invepar não atrai interessados


Não apareceram interessados no leilão realizado nesta segunda-feira (14) pela fatia de 24,4% da OAS na Invepar, concessionária do aeroporto de Guarulhos, da BR 040 e de obras de mobilidade urbana no Rio de Janeiro. O desfecho desfavorável já era esperado, após a desistência da canadense Brookfield, que havia oferecido R$ 1,35 bilhão. Envolvida na Lava Jato, a construtora está em recuperação judicial. A fatia da OAS na Invepar pertence agora oficialmente aos credores da construtora para abater parte das dívidas, conforme previsto no plano de recuperação, mas essa solução deve ser temporária. O ativo pode acabar nas mãos dos fundos de pensão Previ, Petros e Funcef, sócios da OAS na Invepar com quase 25% cada. A partir da publicação do resultado do leilão, o que deve ocorrer em breve, os fundos terão 30 dias para exercer seu direito de preferência. Executivos dos fundos já sinalizaram internamente e à OAS que avaliam ficar com o negócio. Eles argumentam que há uma divergência de "visão estratégica" com os credores da construtora, já que a Invepar é um investimento de longo prazo, enquanto os credores querem recuperar seu dinheiro no curto prazo. Alguns credores entraram com um pedido na Justiça para suspender o plano de recuperação e evitar tomar posse do ativo, mas o juiz responsável pelo processo deu prosseguimento ao leilão. A fatia na Invepar era considerada a "joia da coroa" dos negócios colocados à venda pela OAS. Mas os investidores foram perdendo interesse quando ficou clara a delicada situação da concessionária. Nos governos Lula e Dilma, a Invepar foi turbinada por investimentos dos fundos de pensão e por empréstimos para vencer licitações, pagando ágios significativos à União. Só que agora não tem recursos para pagar as dívidas, ao mesmo tempo em que arca com os investimentos necessários para que suas concessões gerem receita. Para evitar que a empresa ficasse inadimplente, os fundos de pensão injetaram mais R$ 1 bilhão na Invepar por meio da aquisição de debêntures (títulos de dívida) no fim do ano passado. A compra de nova participação na empresa deve provocar polêmica na Previ, Petros e Funcef, que devem registrar déficits significativos em 2015. Os representantes dos pensionistas não querem correr o risco de perder mais dinheiro. No balanço de 2015, que ainda não foi divulgado, os fundos devem reduzir o valor de sua fatia na Invepar em R$ 600 milhões para R$ 2,2 bilhões por conta da crise da empresa.

Nenhum comentário: