quinta-feira, 3 de março de 2016

Oposição quer incluir declarações de Delcídio no processo de impeachment de Dilma


Parlamentares de partidos de oposição decidiram aditar trechos das informações preliminares prestadas pelo senador Delcídio do Amaral (PT-MS) em busca de um acordo de delação premiada com a Lava Jato no processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, instaurado em dezembro do ano passado. A intenção dos oposicionistas é turbinar as denúncias, até então restritas a manobras fiscais, com as declarações de que a petista também esteve envolvida no escândalo de corrupção da Petrobras. Trechos do que Delcídio pretende detalhar em um eventual acordo de delação foram divulgados nesta quinta-feira pela revista Isto É. O senador acusou a presidente Dilma de atuar três vezes para interferir nas investigações do petrolão por meio do Judiciário. "É indiscutível e inegável a movimentação sistemática do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da própria presidente Dilma Rousseff, no sentido de promover a soltura de réus presos na operação", afirmou Delcídio, segundo a revista. Uma das investidas da presidente Dilma, segundo Delcídio, passava pela nomeação do desembargador Marcelo Navarro para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) para agir pela soltura de empreiteiros. O petista afirmou ainda que Dilma tinha "pleno conhecimento" de todo o processo de aquisição da refinaria de Pasadena, no Texas, responsável por um prejuízo de 792 milhões de dólares aos cofres da Petrobras. À época da compra, a petista comandava o Conselho de Administração da estatal. "O fato concreto é que o Brasil está frente ao momento mais grave dessas denúncias. Se confirmadas, a presidente Dilma Rousseff não tem mais condições de continuar governando o país", afirmou o senador Aécio Neves (PSDB-MG). "Seria uma omissão imperdoável das oposições não permitir que a comissão do impeachment e o plenário da Câmara não se debrucem também sobre essas informações. Caberá às investigações analisar comprovar a veracidade delas", continuou o tucano. De acordo com Aécio, a inclusão das novas denúncias será formalizada na próxima segunda-feira pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal, responsáveis pelo processo de impeachment contra Dilma. Para a oposição, como o processo já foi aberto, mas ainda não houve início de tramitação ou apresentação da defesa, a delação pode ser aditada sem prejuízo à ação e não precisaria ser avalizada pelo presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ainda mais enfraquecido após tornar-se réu pelo Supremo Tribunal Federal. Em outra frente, a oposição quer apresentar as informações da delação de Delcídio ao Tribunal Superior Eleitoral, onde Dilma também enfrenta um processo de cassação, para apurar os fatos narrados pelo petista.

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