terça-feira, 15 de março de 2016

PMDB acredita que a entrada de Lula no ministério não é suficiente para acabar a crise do governo Dilma

Integrantes da cúpula do PMDB avaliam que a eventual entrada do poderoso chefão Lula no governo Dilma Rousseff pode até dar algum fôlego à petista no curto prazo, mas não será capaz de conter a escalada da crise e o risco do impeachment. Os mais céticos, chegam a afirmar que a articulação pode resultar em um "desastre" para o petista. Um integrante da cúpula do PMDB no Senado avalia que a operação para levar Lula ao governo vai "juntar os dois que estavam apanhando em um saco só", numa referência ao petista e à presidente. Segundo esse senador, Lula corre grande risco de "afundar junto" com Dilma e, de quebra, perder o discurso de que a gestão de sua sucessora falhou porque ela optou por um receituário diferente do que levou seus governos ao êxito. Os peemedebistas acreditam que, uma vez no governo, Lula desencadeará uma forte operação para "cooptar apoio" contra o impeachment, mas "os fatos serão maiores do que isso". A avaliação é feita com base na expectativa de que novas delações, entre elas a de dirigentes da Andrade Gutierrez, terão efeito devastador sobre a gestão Dilma. A ala do partido que é entusiasta do impeachment diz ainda que Dilma perdeu a chance que tinha para conter a crise. Para esses peemedebistas, a petista teve a chance de reverter o quadro do impeachment quando posicionou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) como seu antagonista. A disputa com Cunha, no entanto, teria perdido força à medida que notícias desfavoráveis ao governo foram se avolumando. A leitura é que Cunha, por algum tempo, serviu para eclipsar a discussão sobre o impeachment, mas agora, com um "tsunami" de notícias contra o governo, a presença dele no protesto se tornou irrelevante. Posição semelhante foi articulada nesta terça-feira (15) pelo próprio Cunha. Na Câmara, ele disse que "a deterioração da base do governo já está em um tal nível que é difícil uma reversão". "A tendência é só perder, não tem o que ganhar. Acho que não tem mais ninguém que possa chegar e mudar essa relação. Estamos em crise política e econômica, agravada a cada dia por novas denúncias". A avaliação é que o processo de cassação do mandato de Dilma vai avançar, especialmente porque haverá pressão popular sobre o Congresso. Peemedebistas acreditam que em menos de três meses todo o trâmite do impeachment pode ser concluído. Considerado fiel da governabilidade, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) avisou que se manterá em posição neutra neste debate. Seus aliados acreditam que ele será o "último a pular do barco de Dilma", mas que, quando se tornar inevitável, ele o fará. Principal foco do noticiário político do dia, a delação do senador Delcídio do Amaral também foi alvo de comentários dos peemedebistas. Renan passou o início da tarde com advogados avaliando o teor do documento e as citações a ele ao seu partido. Chegou ao Senado no meio da tarde dizendo que a delação era composta por "400 páginas do delírio". Em privado, deu como certa a cassação de Delcídio no Conselho de Ética. Outros peemdebistas classificaram a gravação que envolve o ministro Aloizio Mercadante (Educação) como "gravíssima" e dizem que, apesar das tentativas dele de eximir a presidente Dilma de responsabilidade no caso, ao mantê-lo no governo, a petista se torna "sócia" da crise.

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