quinta-feira, 17 de março de 2016

Polícia Federal informa que operadora demorou 12 horas para suspender grampo de Lula


Em despacho veiculado no sistema da Justiça Federal no Paraná, policiais federais informaram a seus superiores que a operadora Claro só interrompeu o monitoramento do telefone do poderoso chefão Lula mais de 12 horas após o juiz Sérgio Moro decidir pela suspensão do grampo. O diálogo em que a presidente Dilma Rousseff avisa a Lula que o enviará seu termo de posse como ministro da Casa Civil, para ele usá-lo "se necessário", ocorreu às 13h32m desta quarta-feira (16), mais de duas horas depois de o magistrado ordenar o fim das interceptação. Segundo a Polícia Federal, a Claro só acatou a decisão às 23h33, aproximadamente. Integrantes da Polícia Federal sustentam que cabe à operadora de telefonia finalizar o monitoramento, após ser notificada pelas autoridades. De acordo com investigadores, o grampo, propriamente dito, é feito pelas operadoras, que replicam as ligações monitoradas a um programa de computador da Polícia Federal, apelidado de Guardião, onde os dados são armazenados. Esse Guardião é desenvolvido por uma empresa de Florianópolis. O sistema da Justiça Federal do Paraná na internet contém o ofício em que Moro comunica à direção da Claro sobre a interrupção das "interceptação e gravação" das ligações de Lula. O documento foi emitido às 12h18 de quarta-feira. A legislação não estabelece um prazo para as operadoras obedecerem ordem judiciais desse tipo. Os policiais ouvidos pela Folha afirmam que é usual as empresas de telefonia demorarem entre uma e três horas para suspenderem o grampo, a partir do momento em que são notificadas. Acrescentam que, em alguns casos, o procedimento chega a levar 48 horas. Os investigadores lembram que, enquanto os diálogos estiverem sendo gravados, a Polícia Federal tem obrigação de armazená-los e analisá-los. Após transcrever cada conversa, os policiais enviam à Justiça relatórios sobre os trechos considerados importantes à apuração, além de repassar todos os áudios captados, sem edição. A Polícia Federal informa data, horário e tempo de duração de cada diálogo ao juiz responsável pelo caso, a quem cabe validá-los ou não como elementos de prova. Em despacho divulgado nesta quinta-feira, Sérgio Moro defendeu a legalidade do grampo e comparou Dilma ao ex-presidente americano Richard Nixon.

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