terça-feira, 8 de março de 2016

Senadores do PSDB e do PMDB se reunirão para discutir impeachment


Diante do agravamento da crise política, a cúpula do PSDB se reunirá nesta quarta-feira com caciques do PMDB para discutir os possíveis cenários sobre o afastamento da presidente Dilma Rousseff. O encontro será em um jantar na casa do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) e contará com a presença dos senadores tucanos Aécio Neves (MG) e Cássio Cunha Lima (PB), possivelmente de José Serra (SP) e Aloysio Nunes (SP), além do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do líder do PMDB na Casa, Eunício Oliveira (CE), e do senador Romero Jucá (PMDB-RR). Segundo um dos convidados, o jantar servirá para que o PSDB, o principal partido de oposição que está à frente das movimentações pelo impeachment, meça o grau de empenho do PMDB no processo. "Qual o roteiro do PMDB? Qual o papel que eles deverão exercer a partir da semana que vem?" – questiona um tucano envolvido nas negociações. Interlocutores peemedebistas avisaram a parlamentares do PSDB que qualquer movimento mais efetivo do partido em relação ao governo ficaria congelado até que o vice-presidente Michel Temer seja reconduzido à presidência do PMDB na convenção do partido, no sábado. Depois disso, dizem, o PMDB pode fazer movimentos mais claros. O jantar acontece após uma semana considerada catastrófica para o governo, com a revelação de parte do conteúdo da delação premiada do senador Delcídio Amaral (PT-MS), que citou Dilma e o ex-presidente Lula, e que teve também a condução coercitiva do ex-presidente para depor no âmbito da Lava-Jato. A expectativa é que, na próxima semana, o Congresso finalmente fique liberado para formar a Comissão Especial que irá analisar o processo de impeachment de Dilma. Por isto, as cúpulas do PMDB e do PSDB querem ter um termômetro de como cada partido pretende se portar diante dos fatos. Michel Temer, no entanto, tem evitado se envolver diretamente nas discussões sobre o tema. Apenas em um segundo momento deverá ser procurado pela oposição para que se posicione. Há uma avaliação de que, no ano passado, o vice-presidente se expôs desnecessariamente ao antagonizar com o governo e que, agora, ele deve ficar recolhido, esperando o desenrolar dos fatos. Em agosto de 2015, um período em que o impeachment estava sob forte temperatura, houve um evento semelhante entre tucanos e peemedebistas. Na ocasião, o senador Tasso Jereissati recebeu, junto a colegas do PSDB, senadores do PMDB para fazer uma avaliação do cenário. Antes do jantar, Renan Calheiros receberá, na manhã desta quarta-feira, o ex-presidente Lula em sua residência oficial. Há expectativa, entre os tucanos, sobre o que Renan trará desta conversa com Lula. Os movimentos de Renan, ora de apoio ao governo, ora com gestos à oposição, são considerados erráticos por pessoas de seu entorno.

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