segunda-feira, 14 de março de 2016

Tamanho da manifestação surpreende


A única fala da presidente Dilma Rousseff neste domingo foi uma nota na qual classifica como “intolerável” o ataque à UNE (União Nacional dos Estudantes), que amanheceu pichada no dia anterior. “Trata-se de uma ação violenta, que confunde o debate político saudável e democrático com a disseminação do ódio. O que se viu na sede da UNE, no entanto, foi um gesto de intimidação gratuita e uma afronta a democracia”, disse a presidente por meio da nota. O governo se surpreendeu com o tamanho das manifestações de rua deste domingo (13), em todo o país, e teme o impacto dos protestos no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. A ausência de confrontos nos atos, porém, foi motivo de alívio. Até o começo da noite de ontem, a presidente não havia se pronunciado sobre as manifestações. Em conversas reservadas, interlocutores de Dilma dizem que é preciso um pacto nacional para sair da crise, mas ainda não conseguem definir os próximos passos. “A situação é muito difícil”, disse um ministro: “Os problemas não são poucos e matamos muitos leões por dia. Mas nós achamos que nem todos os caminhos estão interrompidos". Preocupada com o esfacelamento da base aliada, depois do aviso prévio de 30 dias dado pelo PMDB ao governo, Dilma retomará nesta semana as conversas com parlamentares de todos os partidos e também tentará se aproximar da oposição. Muitos no Planalto falam na necessidade de uma “concertação”, mas ninguém sabe como essa ideia sairia do papel. Até sexta-feira, o governo avaliava que os atos deste domingo seriam maiores que os três últimos, no rastro da delação premiada do ex-líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), e da condução coercitiva do poderoso chefão Lula no depoimento à Polícia Federal. O monitoramento feito pelo Planalto não indicava, porém, que as adesões poderiam superar as dos protestos de março de 2015. Na tentativa de não acirrar ainda mais os ânimos, a resposta do governo será na linha de que, independentemente do número de pessoas nas ruas, o governo respeita as manifestações, apoia as investigações da Lava Jato e está trabalhando para retomar o crescimento econômico.

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