sexta-feira, 8 de abril de 2016

Diagnosticado com câncer, Pezão voltou ao hospital no Rio de Janeiro por infecção cutânea



O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), que passa por tratamento contra um câncer, voltou ao hospital na terça-feira (5). De acordo com uma nota divulgada no começo da noite pela assessoria do governo estadual, Pezão foi internado no hospital Pró-Cardíaco por causa de uma infecção cutânea. Ainda segundo a nota, o governador deve fazer um tratamento com antibiótico endovenoso e está com estado estável, mas ainda não há previsão de alta. No mês passado, Pezão passou 19 dias no mesmo hospital, em Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro, para o diagnóstico e início do tratamento de um câncer. O peemedebista foi diagnosticado com um linfoma chamado não-Hodgkin, que ataca o sistema linfático, e está fazendo tratamento com sessões de quimioterapia. Sua doença tem um prognóstico pouco favorável. Pezão tirou licença de 30 dias do cargo. Interinamente assumiu seu vice, Francisco Dornelles (PP). A doença do governador ocorre em um momento de crise nas finanças do Estado do Rio, com atraso de pagamento de servidores e fornecedores e greves no funcionalismo. Vários motivos explicam a crise nas contas públicas: queda do preço do barril de petróleo –o Estado do Rio de Janeiro é o maior produtor de do País–, a Operação Lava Jato e paralisação das obras da Petrobras, retração do PIB e incentivos fiscais no passado a empreendimentos que não deslancharam. Antes do diagnóstico, Pezão convivia com o recrudescimento da violência no Estado, com aumento dos índices de criminalidade e embates cada vez mais frequentes entre traficantes de drogas. Em meio ao agravamento da crise, o governador tinha a tarefa de tocar as obras do Estado do Rio de Janeiro voltadas para as Olimpíadas: a Linha 4 do metrô – que liga a zona sul à Barra da Tijuca, zona oeste – e a despoluição da baía de Guanabara. Embora prometidas, ambas não estarão 100% concluídas em agosto, quando serão realizados os Jogos Olímpicos na capital Fluminense. Antes da licença, Pezão era um dos poucos governadores que se declarava um aliado incondicional da presidente Dilma Rousseff, contrariando a posição de seu partido no Rio de Janeiro. O presidente da Alerj e presidente do PMDB no Rio de Janeiro, Jorge Picciani, por exemplo, oscilou no apoio à presidente. Inicialmente, durante as eleições em que Dilma saiu vitoriosa, Picciani apoiou Aécio Neves (PSDB). Em dezembro do ano passado, trocou de lado e passou a apoiá-la – o mesmo que fez seu filho, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), líder do partido na Câmara dos Deputados. O apoio do parlamentar contrariou os interesses do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que manobrou para retirá-lo da liderança, envolvendo o cacique em um esforço pessoal para reconduzir seu filho ao posto – o que fez crescer por associação seu apoio à presidente. Em março deste ano, porém, enquanto Pezão estava internado, Picciani trocou de lado novamente, ao votar a favor do rompimento do PMDB com o PT. Ele disse na ocasião que a presidente tinha perdido a capacidade de criar consenso. No último dia 31, quando recebeu alta do hospital, Pezão afirmou que o PMDB "ainda está no governo", referindo-se aos ministros que se mantiveram no cargo após o rompimento. Questionado na ocasião, disse que mantinha o apoio à presidente "sempre". O governador interino, Francisco Dornelles (PP), segue a mesma prática de Pezão. Primo de Aécio Neves, Dornelles afirmou que o "impeachment pode tornar o País ingovernável". Ele afirmou, em entrevista ao jornal O Dia no final de março, que não considera as pedaladas fiscais motivos para o impeachment da presidente.

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