domingo, 24 de abril de 2016

Ex-presidente do Banco Central impõe condições a Michel Temer para assumir o Ministério da Fazenda


O ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, foi sondado por Michel Temer neste sábado (23) sobre a possibilidade de comandar o Ministério da Fazenda caso o vice venha a assumir a Presidência da República. Meirelles respondeu que aceitaria assumir a pasta, desde que pudesse dar a palavra final sobre todos os nomes da área econômica de eventual novo governo. Fazem parte dessa lista o Ministério do Planejamento e as presidências do Banco Central, do BNDES, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. Meirelles e Temer se encontraram neste sábado em Brasília. O peemedebista disse que não pode fazer convites formais antes da votação final sobre a abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff no Senado, o que está previsto para maio. Eles ficaram de voltar a conversar depois da decisão. Na conversa, o vice e Meirelles concordaram que deve haver um alinhamento da equipe econômica. A intenção de Meirelles seria blindar a área para que ninguém atuasse em desacordo com a linha que ele viesse a adotar nem "conspirasse" contra ele se a situação viesse a se complicar. Temer precisa de um nome de peso na Fazenda para acalmar parte do empresariado, que começa a desconfiar da capacidade do peemedebista de montar uma equipe capaz de tirar o País da crise. Esse temor aumentou depois de o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, um dos nomes preferidos do mercado, deixar claro, na semana passada, que não pretende fazer parte de um eventual governo Temer. Após o encontro deste sábado, Meirelles afirmou, em entrevista, estar disposto a aconselhar o vice, caso ele assuma a Presidência, mas afirmou não ter sido convidado para assumir a Fazenda. Questionado se aceitaria o cargo, disse que não trabalha com "hipóteses". "Eu não respondo, não trabalho e não penso sobre hipóteses. Eu trabalho com realidade, coisas concretas. E, no momento, o que existem são hipóteses. Estou disposto a aconselhar, dar minha contribuição", disse. O ex-presidente do Banco Central, na entrevista, também elogiou a percepção de Temer sobre a economia e disse que o Brasil tem tudo para voltar a crescer, mas que depende de uma retomada da confiança: "Me parece que ele está com uma visão bastante correta e adequada, e que eu acho muito positiva, sobre a economia". Para Meirelles, a economia só poderá ser recuperada a partir de uma resolução da crise política: "O que é mais importante é tomar medidas que sinalizem claramente que a trajetória de crescimento da dívida pública vai ser revertida no devido prazo". Segundo ele, Temer não se manifestou sobre o diagnóstico apresentado por ele. "Certamente ele está aguardando o pronunciamento do Senado e, a partir daí sim, de uma forma ou de outra, ele vai se manifestar", disse. Meirelles, que ocupou a presidência do Banco Central entre 2003 e 2010, é, desde 2012, presidente do Conselho da J&F, holding do grupo que produz as marcas Friboi, Seara, Vigor e Havaianas. Além dele, estiveram no encontro o ex-ministro das Cidades do governo Dilma, Gilberto Kassab, que deixou o cargo na semana passada, e o senador Romero Jucá (PMDB-RR). Kassab foi chamado à reunião porque é presidente do PSD e Meirelles é filiado ao partido. Jucá é o principal articulador de Temer na formação de sua equipe de governo. Segundo Jucá, Temer realiza uma série de encontros com economistas para "ir construindo um posicionamento" para o caso de ele precisar "assumir rapidamente o País".

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