domingo, 10 de abril de 2016

Fundo da Caixa associou-se a empresa propineira OAS que pagou reforma de tríplex de Lula


Uma injeção de R$ 200 milhões feita pelo fundo de pensão dos funcionários da Caixa, Funcef, financiou a OAS Empreendimentos no ano em que a empresa gastou R$ 777 mil na reforma do tríplex do edifício Solaris, que seria destinado ao ex-presidente Lula. Em 2014, a Funcef tornou-se sócia do fundo de participação criado pela OAS para controlar o seu braço incorporador, responsável pela reforma do apartamento 164-A do Solaris, caso investigado sob suspeita de lavagem de dinheiro. O investimento abasteceu o caixa da companhia para que ela concluísse empreendimentos como três edifícios da Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo), que foi comandada pelo ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Quando o investimento da Funcef foi feito, em fevereiro de 2014, o empreendimento Solaris já estava concluído. Porém, evidências obtidas na Lava Jato mostram que reformas no tríplex bancadas pela OAS – que incluíram instalações elétrica e hidráulica, pintura e até um elevador privativo – foram feitas no segundo semestre daquele ano. Uma das conclusões das investigações da CPI dos Fundos de Pensão é que a OAS Empreendimentos necessitava de uma injeção financeira porque tinha dificuldades de caixa. Nos quatro anos anteriores, a empresa acumulou prejuízo de cerca de R$ 550 milhões, segundo dados obtidos pela comissão. As investigações da CPI apontam suspeitas de que Vaccari usou sua influência política para obter a liberação dos recursos da Funcef. Vaccari era o presidente da Bancoop em 2009, quando as obras da cooperativa foram repassadas para a OAS. O relator da CPI dos Fundos de Pensão, deputado Sérgio Souza (PMDB-PR), afirmou que o negócio causou prejuízo à Funcef e, por isso, deve pedir o indiciamento dos envolvidos na transação. O relatório final da CPI deve ser apresentado nesta segunda-feira (11). Dentre os indícios de tráfico de influência encontrados pela CPI estão visitas do petista à sede do fundo de pensão e conversas do celular do ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, apreendidas pela Polícia Federal. As conversas de Léo Pinheiro mostram que Vaccari exercia influência sobre o Funcef. Em uma delas, de maio de 2013, Pinheiro cita que o petista queria marcar um encontro e que poderia ter relação com a Funcef. Em novembro, o investimento na OAS foi aprovado pelo fundo. Segundo a Funcef, a reforma do apartamento 164-A do condomínio Solaris não constava entre os objetivos do investimento do fundo de pensão – que eram capitalizar a OAS Empreendimentos para acelerar suas obras, viabilizar a participação em grandes projetos imobiliários, criar canal de captação de recursos financeiros e reestruturar o capital da empresa. Em despacho, o juiz Sergio Moro, da Lava Jato, já disse que o caso do tríplex e do sítio de Atibaia (SP) podem configurar "ocultação e dissimulação de patrimônio" de Lula, além de corrupção. 

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