sexta-feira, 29 de abril de 2016

Guarda de Auschwitz pede desculpas em julgamento


Um ex-guarda do campo de concentração de Auschwitz pediu desculpas às vítimas em seu julgamento na Alemanha, nesta sexta-feira. Reinhold Hanning, de 94 anos, disse que se arrepende de fazer parte de uma "organização criminosa" que matou tanta gente e causou tanto sofrimento. "Eu tenho vergonha que sabia e deixei que a injustiça ocorresse, fazendo nada para me opor", disse ele, que foi sargento das SS, as tropas de elite da Alemanha Nazista. Hanning é acusado de ser cúmplice no assassinato de pelo menos 170 mil pessoas. Sobreviventes do Holocausto detalharam suas experiências no julgamento, que começou em fevereiro, e imploraram para que ele desse fim a seu silêncio no que pode ser uma das últimas ações judiciais sobre o Holocausto na Alemanha. Sentado em sua cadeira de rodas, Hanning finalmente falou nesta sexta-feira, lendo uma mensagem que preparou. "Eu quero dizer que me arrependo profundamente de ter sido parte da organização criminosa que é responsável pela morte de tanta gente inocente, pela destruição de tantas famílias, pela tristeza, tormento e sofrimento de tantas vítimas. Fiquei em silêncio por muito tempo, por toda a minha vida", disse ele. Antes de Hanning falar, seu advogado, Johannes Salmen falou detalhadamente sobre como o acusado vê sua vida e seu tempo no campo de concentração. "Tentei reprimir a memória desse período por toda a minha vida. Auschwitz foi um pesadelo, desejo nunca ter estado lá", disse o advogado, citando Hanning. O alemão foi enviado ao campo após ser ferido em batalha, e teria pedido duas vezes para voltar ao front, mas foi rejeitado. "Eu aceito às desculpas, mas não posso perdoá-lo", disse Leon Schwarzbaum, sobrevivente de Auschwitz e um dos que acusam Hanning. Segundo ele, o alemão deveria ter recontado tudo que aconteceu no campo e as atividades de que participou. Embora Hanning não seja acusado de ter matado alguém diretamente no campo, os promotores o acusam de facilitar a matança ao trabalhar como guarda, onde 1,2 milhão de pessoas morreram, 90% judeus, mas também prisioneiros de guerra poloneses e russos, homossexuais, romani e testemunhas de Jeová. 

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