terça-feira, 19 de abril de 2016

Laudo nas contas da Andrade Gutierrez constata uso de conta de propina para pagamento de R$ 3,6 milhões para Lula


Um laudo da Polícia Federal feito com base na quebra do sigilo fiscal da empreiteira Andrade Gutierrez mostra o pagamento de R$ 3,6 milhões para o poderoso chefão ex-presidente Lula entre 2011 e 2014. São valores que"transitaram" por uma conta chamada "Overhead" trilhando mesmo percurso do dinheiro que abasteceu empresas investigadas por lavagem de dinheiro de propina alvo da Operação Lava Jato, como firmas ligadas aos operadores financeiros Adir Assad, Fernando "Baiano" Soares, Mário Goes e Julio Gerin Camargo. "Foram identificados lançamentos contábeis indicativos de pagamentos e doações a empresas e instituições vinculadas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no montante de R$ 3.607.347, entre os anos de 2011 e 2014", registra o laudo 10/2016, da Polícia Federal. "Cumpre destacar que, conforme subseção III.3.5, recursos destinados à LILS transitaram pela conta contábil 'overhead' e realizaram percurso similar ao de empresas que estão sendo investigadas no âmbito da Operação Lava Jato pela prática de lavagem de capitais e/ou pelo recebimento dissimulado de recursos". O laudo é de 25 de fevereiro e foi elaborado pelos peritos criminais federais Daniel Paiva Scarparo, Audrey Jones de Souza e Ivan Roberto Ferreira Pinto. Anexado nesta segunda-feira ao inquérito aberto para apurar envolvido da Andrade Gutierrez no esquema de cartel e corrupção na Petrobras. Os repasses a Lula foram incluídos no item "Pagamentos a ex-agentes públicos". Em depoimento prestado nesta semana, na Justiça Federal, no Rio de Janeiro, o ex-presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques Azevedo, citou o nome do ex-presidente num pedido de apoio em contrato firmado na Venezuela. O executivo negou ter feito pagamento de propinas ao petista. Segundo ele, um porcentual de 1% de contratos foi cobrado por outros interlocutores do PT, entre eles o ex-tesoureiro João Vaccari Neto. O que chama atenção dos investigadores da Lava Jato é que os pagamentos feitos para Lula integram a conta contábil "Overhead", alvo de um capítulo específico do laudo. São cinco pagamentos para a LILS e quatro doações para o Instituto Lula entre 2011 e 2014. "Da mesma forma, oportuno esclarecer que os pagamentos realizados à empresa LILS Palestras, Eventos e Publicações Ltda, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também transitaram pela conta contábil 'Overhead', indicando que a Andrade Gutierrez tratou tais despesas como gastos indiretos a serem apropriados aos custos das obras."

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