sexta-feira, 8 de abril de 2016

Marco Aurélio diz que Eduardo Cunha cometerá crime se não cumprir ordem do STF



O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, afirmou na terça-feira (5) que reconhece o "direito de espernear" do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mas disse que pode configurar crime de responsabilidade o deputado deixar de cumprir a decisão que determinou à Casa dar início ao processo de impeachment do vice-presidente, Michel Temer. "É impensável que não se observe uma decisão do Supremo. A decisão não é do cidadão Marco Aurélio, é do Supremo", disse o ministro. "Vamos ver a época que estamos vivenciando. Quando se inobserva uma decisão do STF é porque as coisas não vão bem e eu não posso pensar em fechar o Brasil para balanço", completou. O ministro disse acreditar, no entanto, que Eduardo Cunha cumprirá imediatamente a decisão e "reconhecerá o valor dessa decisão". Marco Aurélio afirmou que, se houver recurso da Câmara, ele pode tentar liberar a discussão da questão para julgamento pelo plenário do tribunal já na próxima semana."Posso rapidamente liberar o julgamento, porque todos sabem que eu não sento em cima de processo. Processo para mim não tem capa, tem estritamente conteúdo". O ministro disse não acreditar que um colega derrube sua decisão. "A autofagia não pode ocorrer. Mas, acima de qualquer dos integrantes do Supremo, está o plenário. Interposto o agravo, eu levarei imediatamente, depois de observado o devido processo legal, depois de ouvir o agravado [autor do pedido de impeachment], levarei imediatamente ao plenário, que é um órgão democrático por excelência –no Brasil nós precisamos de democracia". Questionado se a decisão pode provocar uma enxurrada de abertura de impeachments no Congresso, como criticou Cunha, o ministro minimizou. "Esse grande número só sinaliza uma coisa que nós estamos vivendo numa época de crise muito aguda", disse. O pedido de impeachment de Temer foi feito pelo advogado Mariel Márley Marra e chegou ao STF porque foi arquivado por Cunha sob a justificativa de que não existiam elementos de que o vice cometeu crime de responsabilidade. O advogado argumentou que o vice-presidente cometeu crime de responsabilidade e teria atentado contra a lei orçamentária ao assinar decretos autorizando a abertura de crédito suplementar sem autorização do Congresso. As irregularidades são as mesmas que motivam o atual pedido de impeachment de Dilma.

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