quarta-feira, 6 de abril de 2016

Petrobras superestimou em US$ 45 bilhões o retorno de 59 grandes projetos


A diretoria executiva da Petrobras sabia, já em 2014, que a rentabilidade dos seus 59 maiores projetos em andamento seria reduzida em 45 bilhões de dólares, ou 165 bilhões de reais ao câmbio atual, em relação à expectativa, devido às projeções otimistas adotadas nos cálculos. A informação, divulgada nesta quarta-feira pelo jornal Valor Econômico, consta de relatórios internos e que foram encaminhados aos conselhos de administração e fiscal na última semana, como denúncia anônima de funcionários da empresa. De acordo com a reportagem, a perda de rentabilidade não tinha relação com a oscilação do preço do petróleo e dizia respeito apenas à eficiência de planejamento e execução. As projeções adotadas na avaliação inicial dos projetos não se confirmaram, fazendo com que o retorno esperado de 109 bilhões de dólares tivesse mais de 40% de redução devido às variações negativas em relação às premissas usadas para prazo, produção, custo operacional e investimento. De acordo com o relatório, se os projetos mantivessem prazos, custos operacionais e de investimento, escopo e produção previstos na aprovação do projeto básico, o resultado positivo seria de 109 bilhões de dólares em vez de 64,1 bilhões de dólares. A reportagem mostra ainda que o preço do petróleo é um "fator não gerenciável" e que pode suavizar ou acentuar as perdas de rentabilidade com os fatores gerenciáveis. Ou seja, quanto menos eficiente for um projeto, mais exposta a companhia fica às oscilações do preço do barril. Em 2014, o valor médio do barril ficou acima de 99 dólares, enquanto a média neste ano está em torno de 36 dólares. Do total de redução da rentabilidade verificada em 2014, 34 bilhões de dólares (75%) ocorreram nos projetos de Exploração e Produção (E&P), o coração da petrolífera, mostrou o relatório. Dos 59 projetos avaliados em 2014, exploração e produção (34) e abastecimento (11) concentravam os principais.

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