quarta-feira, 6 de abril de 2016

Temer diz a Roberto Jefferson que Brasil está ‘sem norte de autoridade’


Recém-chegado a Brasília, onze anos após ter tido o mandato cassado por sua participação no Mensalão do PT, o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) se encontrou, nesta quarta-feira, com o vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) no Palácio do Jaburu e manifestou apoio à possibilidade de o vice assumir a Presidência da República. Segundo o ex-deputado, Temer disse que o Brasil está "sem norte de autoridade" e que o País precisa de alguém para unir o Brasil — retomando a fala que fez em agosto do ano passado, e que gerou desconfiança do Palácio do Planalto — e se colocou "claramente" como a alternativa ao governo do PT. "Ele falou da crise institucional, que o Brasil está sem norte de autoridade, que todo mundo quer fazer o papel de todo mundo. E que precisa de alguém que restabeleça essa unidade", disse o petebista. Roberto Jefferson contou que Temer voltou ao assunto, levantado há oito meses, quando afirmou que era preciso "alguém" para unir o País. Na época, o governo interpretou a fala como um sinal claro de que o peemedebista almejava o cargo de Dilma, o que irritou a petista e ministros do núcleo duro do governo. No encontro desta quarta-feira, o vice afirmou que será importante fazer a "transição sem ódio ou confrontos". "Ele se colocou claramente (como a alternativa), ele não tem mais dúvidas. Claramente, ele disse que há alguns meses falou da crise, dizendo que precisava se fazer um governo de união, e ele voltou ao assunto. Disse que temos que unir o Brasil, que não podemos ter um país dividido, e que precisamos passar a fazer a transição sem ódio e sem confrontos", afirmou Roberto Jefferson. Na conversa, da qual também participou a deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ), filha de Roberto Jefferson e atual presidente do PTB — cargo que devolverá ao pai no dia 14 de abril —, o ex-deputado fez sugestões a Temer, como uma discussão profunda sobre a instauração de um regime parlamentarista. "O presidencialismo se exaure agora com esse segundo impeachment", disse o ex-deputado. Outra sugestão, com a qual o peemedebista concordou, foi a de um crivo mais rígido para nomeações de empresas estatais. Claro que não passa pela cabeça de Roberto Jefferson simplesmente eliminar a tentação da corrupção pela privatização de estatais. Segundo o ex-deputado, as nomeações futuras devem passar por uma comissão, que examinará o histórico de cada pessoa, e o escolhido deve abrir os sigilos bancário e fiscal, além de apresentar uma declaração de evolução patrimonial a cada seis meses. Temer concordou, e comentou que o Brasil precisa se adaptar ao "novo mundo", citando inclusive a exposição geral dos políticos com as recentes revelações dos nomes citados no "Panama Papers". Arquivos da empresa panamenha Mossack Fonseca mostram que o escritório criou e vendeu offshores para políticos de vários partidos e seus familiares. Michel Temer também mostrou preocupação com boatos de que ele, chegando ao poder, extinguiria o programa Bolsa Família, uma das principais vitrines dos governos Lula e Dilma. O ex-deputado contou que ele disse que dará continuidade ao programa e pretende ampliá-lo: "Temer mostrou preocupação com o Bolsa Família, ele disse que sabe que estão fazendo uma campanha de que ele vai extinguir, num possível governo dele. Ele disse que não fará isso, muito pelo contrário, que é fundamental continuar". 

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