sexta-feira, 8 de abril de 2016

Uso de véu islâmico em voos Paris-Teerã cria polêmica entre aeromoças da Air France

Para respeitar a lei islâmica, a companhia aérea Air France, que retoma seus voos para Teerã este mês, tentou impor o uso obrigatório do véu às aeromoças que atuam na rota. A medida causou polêmica e, depois de muita negociação entre os sindicatos e a direção, as comissárias de bordo escaladas para fazer o voo poderão ser deslocadas para outros trajetos caso não queiram usar o adereço. A Air France havia deixado de fazer a rota entre Paris e Teerã em 2008 devido às sanções internacionais impostas ao regime iraniano, por causa do programa nuclear do país. Mas o que deveria ser um motivo de comemoração para a empresa, acabou se tornando uma fonte de conflitos internos, depois que a direção decidiu impor uma série de restrições para suas funcionárias operando na rota. Segundo Caroline Rolland, responsável do sindicato, a empresa enviou um comunicado pedindo às comissárias que, ao desembarcar na capital iraniana, saiam do avião usando calça e casacos de manga comprida "ocultando assim pernas e braços, e que cubram a cabeça com um véu islâmico". De acordo com a lei iraniana, todas as mulheres em seu território são obrigadas a usar um véu. Mas a medida não foi bem recebida pelas comissárias da Air France, que viram na decisão uma restrição de liberdade. "Caso a companhia insista, as aeromoças vão começar a arrumar desculpas para não fazer a rota", disse Caroline. Na sexta-feira (1°), a empresa declarou que toda sua tripulação tinha, "como os visitantes estrangeiros, que respeitar a legislação dos países onde aterrissam". O tema foi destaque na imprensa durante todo o fim de semana até que, nesta segunda-feira (4), após muita mobilização dos sindicatos, a empresa decidiu que suas aeromoças poderão, para evitar o uso do véu, se recusar a trabalhar nos voos Paris-Teerã. A partir de agora, uma comissária escalada para o trajeto poderá pedir para ser deslocada para outras rotas.


A ministra francesa dos Diretos da Mulher, Laurence Rossignol, saudou a decisão. "Esse sistema preserva os interesses econômicos da empresa e as leis do país de destino, além da liberdade de consciência da tripulação", disse a representante do governo em um comunicado. Os três sindicatos que representam os comissários de bordo da Air France também celebraram a posição da companha aérea, vista como "uma vitória para a defesa dos assalariados e dos direitos individuais". A companhia aérea britânica British Airways, que retoma sua rota para Teerã em junho, não fez até agora nenhum tipo de recomendação sobre o uniforme de seus funcionários. Já a alemã Lufthansa, que não interrompeu seus vôos para a Irã, informou que até agora não registrou nenhuma reclamação de suas comissárias e que todos respeitaram a lei iraniana.

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