quinta-feira, 12 de maio de 2016

Crise em torno do balanço da Eletrobras é problema imediato para Temer


O risco de a Eletrobras ser retirada da lista das empresas com ações negociadas na Bolsa de Valores de Nova York com o aval da SEC, o órgão regulador do mercado de capitais dos Estados Unidos, se transformou no problema mais imediato a ser enfrentado pela equipe econômica do presidente em exercício Michel Temer. O impasse é considerado mais emergencial porque a estatal tem prazo até o próximo dia 18 de maio para apresentar à SEC formulário referente ao balanço de 2014, que está pendente. A empresa já admitiu nesta quarta-feira, em comunicado ao mercado financeiro, que poderá não cumprir o prazo de entrega da documentação dos exercícios de 2014 e 2015 e evitar a deslistagem dos seus ADRs (recibos de ações), negociados no mercado americano. Caso isso ocorra, fontes do governo avaliam que há risco também de desaceleração da dívida da empresa. Isso significa que os credores da estatal poderão, na prática, cobrar antecipadamente dívidas da companhia. O senador Romero Jucá (PMDB-RR), que assumirá o Ministério do Planejamento, já entrou em campo na quarta-feira para buscar informações junto à área econômica sobre o problema da estatal na tentativa de buscar uma solução. A crise em torno do balanço da empresa foi classificada por ele como uma verdadeira "bomba" a ser desarmada. Jucá listou "80 pontos emergenciais" que precisam ser resolvidos pelo governo Temer e esse está no topo. O impasse da estatal foi provocado por problemas do balanço da empresa de dois anos atrás, que está pendente na SEC por falta de apresentação de documentação. O prazo para a estatal entregar o formulário 20-F ao órgão regulador está próximo, mas a companhia enfrenta problemas em relação às conclusões da comissão externa de investigação de suas finanças. No comunicado de quarta-feira, a Eletrobras informou que o atraso ocorreu após a citação da Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras, nas investigações feitas pela Polícia Federal no âmbito da operação Lava Jato. A Eletrobras informou que está mantendo contato com a SEC e a bolsa americana para discutir os procedimentos necessários para possibilitar o arquivamento dos formulários. Segundo a empresa, os trabalhos de investigação em curso, ainda não estão substancialmente completos, portanto, as informações disponíveis não são suficientes para que a companhia avalie, de acordo com a legislação do Brasil e dos Estados Unidos da América, a eventual ocorrência de impactos sobre as demonstrações financeiras. Se houver o cancelamento da autorização por parte da bolsa, a Eletrobras informou que poderá alterar seu Programa de ADRs para que eles possam continuar sendo negociados no mercado Over the Counter (OTC), que é mercado não regulamentado.

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