quarta-feira, 11 de maio de 2016

Gilmar Mendes vai relatar pedido de inquérito contra Aécio Neves no STF


O pedido de abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal para apurar a suspeita de que o presidente do PSDB, o senador Aécio Neves (MG),recebeu propina de Furnas será analisado pelo ministro Gilmar Mendes. A solicitação para investigar o suposto envolvimento do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) em irregularidades ligadas a Furnas foi encaminhada ao ministro Dias Toffoli. As apurações contra os dois políticos foram solicitadas pela Procuradoria-Geral da República nos desdobramentos da Lava Jato, a partir da delação premiada do senador cassado Delcídio do Amaral (ex-PT-MS). Segundo a Procuradoria, o pedido de inquérito teve como base a delação premiada do senador, mas também contou com informações prestadas pelo doleiro Alberto Youssef, um dos primeiros delatores da Lava Jato. Youssef afirmou que ouviu dizer que Aécio Neves recebia valores mensais, por intermédio de sua irmã, da empresa Bauruense, contratada por Furnas. "Da análise dos autos, é possível constatar que os fatos descritos neste procedimento não têm relação de pertinência imediata com as demais investigações sob a minha relatoria, notadamente com as relacionadas às fraudes no âmbito da Petrobras, o que evidencia, em princípio, a inexistência de conexão necessária, a significar que não se fazem presentes os requisitos para distribuição por prevenção", escreveu Zavascki. Relator da Lava Jato, o ministro Teori Zavascki entendeu que não há relação direta dos fatos com o esquema de corrupção da Petrobras e pediu que os casos fossem enviados a outros ministros. Gilmar e Toffoli terão que autorizar a abertura dos inquéritos para que os políticos passem a ser investigados no STF. Na solicitação, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que uma operação da Polícia Federal no Rio de Janeiro encontrou documentos de doleiros que confirmam a existência de uma conta no Exterior ligada a uma fundação em nome da mãe de Aécio Neves, Inês Maria Neves Faria. Esse fato havia sido citado na delação de Delcídio. "Referidas informações constituem um conjunto harmônico e apontam para a verossimilhança dos fatos descritos", apontou Janot. O procurador também pediu um segundo inquérito contra Aécio Neves e o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) por suspeita de envolvimento na maquiagem de dados do Banco Rural para esconder o mensalão mineiro, na época em que Aécio Neves era governador de Minas Gerais. Em relação a Eduardo Cunha, Janot afirmou que o deputado é um dos líderes de uma das células que integra uma grande organização criminosa que teria atuado em Furnas. "Pode-se afirmar que a investigação cuja instauração ora se requer tem como objetivo preponderante obter provas relacionadas a uma das células que integra uma grande organização criminosa -especificamente no que toca a possíveis ilícitos praticados no âmbito da empresa Furnas. Essa célula tem como um dos seus líderes o presidente da Câmara dos Deputado, Eduardo Cunha", disse. "Sabemos que essa organização criminosa é complexa e que, tudo indica, operou durante muitos anos e por meio de variados esquemas estabelecidos dentro da Petrobras e da própria Câmara dos Deputados, entre outros órgãos públicos. Embora estes 'esquemas' tenham alguma variação entre si, é certo que eles coexistem e funcionam dentro de um conserto maior", completou. A suspeita é de crime de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Em seus depoimentos, Delcídio havia mencionado ligação entre a diretoria de Furnas e Eduardo Cunha, além da relação do deputado com o operador financeiro Lúcio Funaro. O pedido de abertura de inquérito aponta que Cunha foi o responsável por alterar a legislação do setor energético, em 2007 e 2008, para beneficiar seus interesses e os de Funaro, com a relatoria de medidas provisórias (396/2007 e 450/2008) que favoreceram a empresa Serra da Carioca II, na época em que um indicado de Cunha, Luiz Paulo Conde, ocupava a presidência da subsidiária. A atuação do peemedebista, segundo a petição, permitiu que Furnas comprasse, em 2008, as ações da Serra da Carioca II, que era sócia da estatal, em um consórcio para construção da Usina Hidrelétrica Serra do Facão, em Goiás. 

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