sábado, 7 de maio de 2016

Londres elege seu primeiro prefeito muçulmano trabalhista


O advogado muçulmano londrino Sadiq Khan, de 45, do Partido Trabalhista, foi eleito o primeiro prefeito muçulmano de Londres com 44,2% dos votos. Os resultados oficiais, anunciados na noite desta sexta-feira (6), mostram que ele obteve 1,3 milhão de votos, pouco mais de 300 mil além do rival, o conservador Zack Goldsmith. "Londres é a melhor cidade do mundo, estou tão orgulhoso. Agradeço a cada um por ter tornado o impossível possível hoje", discursou após o anúncio oficial. 


"Quero dar a cada londrino as oportunidades que Londres me deu. Trabalho, segurança, ar puro e uma cidade mais limpa. Meu pai estaria tão orgulhoso, orgulhoso desta cidade que ele escolheu para chamar de casa e da qual agora o filho é prefeito". Khan será apenas o terceiro prefeito de Londres, depois do trabalhista Ken Livingstone e do conservador Boris Johnson, cada um com dois mandatos. Até 2000, a segunda maior capital européia (atrás apenas de Moscou) não tinha prefeito — cada distrito que forma a cidade de 8,6 milhões de habitantes elegia seu líder. Ao vencer, Khan conquistou uma série de feitos que vão muito além de ser o primeiro muçulmano a administrar a capital inglesa. O filho de imigrantes paquistaneses que estudou em escola pública e, antes da política, defendia causas de direitos humanos tirou os conservadores do poder. Ao ganhar a cidade para o Partido Trabalhista, garantiu sobrevida para o atual líder do partido, Jeremy Corbyn. E, de certa forma, ele representa também o sucesso de toda uma geração de filhos de imigrantes que escolheram Londres para viver e ganhar a vida. Filho de um motorista de ônibus e de uma costureira do Paquistão, Khan estudou em escola pública e formou-se em direito por uma universidade nada tradicional para os padrões britânicos. Nesta sexta-feira, ele venceu o conservador Zack Goldsmith, filho de uma bilionária família de aristocratas, e outros dez candidatos que também disputaram as eleições locais. A briga nas urnas entre Khan e Goldsmith, que ficou com 35% dos votos, foi além do contraste entre pobreza e riqueza que tem se acentuado em Londres, uma capital multicultural quase 9 milhões de habitantes, incluindo muitos imigrantes e seus descendentes. A disputa escancarou também o preconceito enfrentado por muçulmanos em Londres. A religião e a profissão de Khan foram alvo de ataques dos adversários, que apontaram a ligação da imagem dele a organizações terroristas islâmicas. Mas ele foi capaz de conquistar votos também de não muçulmanos. Prevendo críticas e ataques por sua religião, escolheu o lema de campanha "prefeito para todos os londrinos". Durante a campanha, Khan ressaltou sua devoção à fé islâmica ao mesmo tempo que salientou ser "londrino, britânico de origem asiática e torcedor do Liverpool há muito tempo". Membro do Parlamento britânico desde 2005, o novo prefeito de Londres é classificado como um "mulçumano moderno e progressista", algo quase impensável. É também um político experiente. Durante a gestão do trabalhista Gordon Brown, ainda em 2008, foi indicado ministro para atuar junto às comunidades locais. Depois, migrou para o ministério dos Transportes. E, durante o período em que os trabalhistas fizeram oposição no Parlamento, sempre teve papéis importantes nos "gabinetes-sombra" que fiscalizam as ações do governo. Khan conquistou 44,2% da primeira preferência dos eleitores. Em Londres, vota-se em dois candidatos, indicando a primeira e a segunda opções. Apesar de ter ficado nove pontos à frente do conservador Goldsmith, como Khan não conquistou 50% da primeira opção dos eleitores, a divulgação dos resultados oficiais demorou porque foi preciso conferir as segundas opções. 

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