quarta-feira, 18 de maio de 2016

Marcelo Odebrecht quer Dilma, Palocci, Mantega e Edinho como testemunhas



O empreiteiro Marcelo Odebrecht arrolou a presidente da República afastada, Dilma Rousseff, e os ex-ministros Antonio Palocci, Guido Mantega e Edinho Silva como testemunhas na ação penal da Operação Lava Jato em que é réu por associação criminosa e lavagem de dinheiro, acusado de comandar um departamento na Odebrecht destinado ao pagamento de propina. A lista de testemunhas selecionadas pelo empreiteiro está na última folha de sua defesa prévia entregue na segunda-feira ao juiz Sergio Moro, que conduz os processos da Lava Jato em primeira instância em Curitiba. O sinhozinho baiano Marcelo Odebrecht não explicou no documento que testemunhos Dilma e os ex-ministros poderiam dar a seu favor, o que pode levar Moro a questionar a real necessidade dos depoimentos, como costuma proceder quando autoridades são arroladas a depor como testemunhas. A defesa se limitou a dizer que é "imprescindível a oitiva de todas elas". Em novembro de 2015, o senador cassado Delcídio do Amaral deixou uma reunião com Dilma espantado com o que classificou como "autismo" da presidente e o aparente desconhecimento dela sobre o umbilical envolvimento financeiro do PT com as empreiteiras implicadas na Lava Jato. "Presidente, a prisão (de Marcelo Odebrecht) também é um problema seu, porque a Odebrecht pagou no Exterior pelos serviços prestados por João Santana à sua campanha", disse o agora delator Delcídio à petista. Além disso, em negociação para fechar um acordo de delação premiada, Odebrecht afirmou a procuradores da Lava Jato que Mantega e Luciano Coutinho, o presidente do BNDES, cobravam da empreiteira doações para a campanha de Dilma Rousseff em 2014 por projetos financiados no Exterior. A defesa de Marcelo Odebrecht informou o Palácio da Alvorada como residência da petista e três endereços em São Paulo relacionados a Palocci, Mantega e Edinho Silva. Além dos petistas, o empreiteiro listou outras 11 testemunhas de defesa. Assinado pelos advogados Nabor Bulhões e José Carlos Porciúncula, o documento de defesa prévia de Marcelo Odebrecht pede a Sergio Moro a absolvição sumária do empresário argumentando que não caberiam novas denúncias contra ele por lavagem de dinheiro e associação criminosa, já que ele foi condenado por esses crimes em outra ação penal. Em março, Odebrecht recebeu pena de 19 anos e quatro meses de prisão por lavagem de dinheiro, organização criminosa e corrupção. As investigações da 26ª fase da Lava Jato, batizada de Operação Xepa, escancararam o sistema de pagamento de propina instalado na Odebrecht: a empreiteira contava com um departamento exclusivo para pagamentos ilícitos, o Setor de Operações Estruturadas. Em depoimento prestado em acordo de delação premiada, a secretária Maria Lúcia Tavares revelou que todos os pagamentos paralelos deviam constar no sistema MyWebDay, uma espécie de 'intranet da propina' da Odebrecht. O sistema era de tal maneira organizado que altos executivos da empresa eram os responsáveis por liberar os pagamentos ilícitos. O departamento da propina era composto, além de Maria Lúcia, de Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho, superior hierárquico da secretária, e também de Ângela Palmeira Ferreira, Alyne Nascimento Borazo e Audenira Jesus Bezerra. As duas últimas davam apoio a Fernando Migliaccio da Silva, Luiz Eduardo da Rocha Soares e Hilberto Silva. Outros executivos de alto escalão também integravam o sistema - incluindo o herdeiro Marcelo Odebrecht.

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