segunda-feira, 23 de maio de 2016

Sindicatos temem mais cortes na Petrobras com nomeação de Parente


A nomeação de Pedro Parente para o comando da Petrobras foi bem recebida por investidores, mas gerou fortes reações negativas dos sindicatos de trabalhadores. A expectativa é que Parente dê continuidade ao saneamento da companhia iniciado por Aldemir Bendine, mas imprimindo ao processo uma visão mais "pró-mercado". Atolada em dívidas, com o desafio de reduzir custos e vender ativos, a Petrobras não terá como abrir mão do processo de ajuste. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, já descartou a capitalização da companhia. "Isso significa que a empresa terá que colocar mais energia na venda de ativos e fazer um esforço ainda maior no corte de custos", disse o analista Phillip Soares, da Ativa Corretora. Para analistas, uma diferença entre as duas administrações será a possibilidade de a diretoria avançar em operações que eram tabu na gestão anterior, devido às relações do governo petista com os sindicatos. É justamente isso que preocupa os sindicalistas, que classificaram como "inadmissível" a nomeação. "O perfil ultraliberal de Pedro Parente o descredencia por completo para assumir o comando de uma empresa que tem sido a âncora do desenvolvimento do país", afirmou a Federação Única dos Petroleiros (FUP), em nota. A Folha apurou que, entre empregados da estatal, há o temor de privatização de subsidiárias até agora intocadas, principalmente a BR Distribuidora. A gestão Bendine tentou vendê-la, mas esbarrou na falta de interessados em uma fatia minoritária. "A dificuldade para a venda da BR era mais política do que relacionada ao mau momento do setor", diz Soares. Ao menos três fornecedores disseram que não veem problema no fato de Parente não ser do setor de petróleo. O consenso é que a Petrobras tem corpo técnico para auxiliar as decisões da direção. A nomeação de Parente será avaliada pelo conselho de administração nesta segunda (23). A expectativa no mercado é que ele tente manter o atual diretor financeiro, Ivan Monteiro. "A maior parte dos desafios mais difíceis são essencialmente financeiros e Monteiro teve papel fundamental nas realizações recentes", disse o analista André Natal, do Credit Suisse. A Petrobras informou ainda que não há restrição ao fato de ser conselheiro da BM&F Bovespa.

Um comentário:

Jorge disse...

Temem o corte nos desvios para o sindipetro