sexta-feira, 17 de junho de 2016

Força-tarefa da Lava Jato quer cobrança de multa de R$ 6 bilhões da empreiteira propineira Odebrecht


O grupo Odebrecht terá de pagar caro para assinar um acordo de leniência, espécie de delação para empresas e única saída para manter contratos com o setor público. A força-tarefa de procuradores federais em Curitiba (PR), que coordena os acordos com as empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção da Petrobras, vai começar pedindo mais de R$ 6 bilhões de indenização. Mesmo para os padrões da Odebrecht, a maior empreiteira brasileira, o valor é considerado impagável por executivos do grupo. A empresa faturou R$ 132 bilhões em 2015, mas suas dívidas somam R$ 90 bilhões. O grupo colocou à venda ativos de R$ 12 bilhões, o dobro do valor da multa pedida, para equilibrar o caixa. O principal motivo do valor é a demora do grupo baiano em aderir à negociação do acordo, no final de 2015, depois que companhias como Toyo Setal, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez fecharam colaborações. Uma das regras vigentes nas negociações com os procuradores é que quem chega depois paga mais. A mineira Andrade Gutierrez foi a última empreiteira a assinar a leniência, em maio deste ano. Pagou R$ 1 bilhão. O valor foi R$ 300 milhões a mais que o acertado pela Camargo Corrêa, que em agosto assinou acordo com multa de R$ 700 milhões. A Toyo Setal não pagou multa por ser a primeira a assinar um acordo de leniência entre as empresas investigadas na Lava Jato. A Odebrecht, segundo as contas de envolvidos nas investigações, tem faturamento aproximadamente seis vezes maior que a Andrade e com base nisso deve pagar uma multa proporcional ao tamanho dela. A demora para iniciar a negociação também entrou na conta. A Odebrecht aposta que consegue baixar a multa por oferecer um conteúdo muito rico de informações. O objetivo do grupo baiano é ter o acordo assinado até outubro, quando está previsto que se chegue ao fim o processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT). A multa que deve ser paga pela empreiteira baiana, caso não queria se tornar inidônea, ainda não foi para a mesa de negociação entre procuradores e advogados da Odebrecht, que já se reuniram quatro vezes, ao menos. Até esta semana, as conversas vêm tratando do escopo que será revelado pelos delatores. A força-tarefa de Curitiba também tem dúvidas sobre a possibilidade de firmar um acordo de leniência com a Odebrecht. Um dos fatores que dificultaria a negociação seria o grande número de executivos envolvidos em um eventual acordo, mais de 200 nas contas dos investigadores. A lei prevê que executivos que participaram dos fatos ilícitos revelados pela empresa também contem o que sabem na leniência. Em março deste ano, a força-tarefa entrou com uma ação de improbidade contra ex-funcionários da Petrobras e executivos da Odebrecht. Os procuradores pedem que os acusados paguem uma indenização de R$ 7,3 bilhões. Ao menos cinco empreiteiras investigadas tentam fechar acordo com as autoridades: Odebrecht, OAS, Mendes Jr., Galvão e Engevix. Os procuradores da Lava Jato, porém, já sinalizaram que não há espaço para que todas fechem negociação. 

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