sexta-feira, 3 de junho de 2016

Parente diz que tema da privatização da Petrobras não está maduro para ser discutido, o que é um erro fatal dele


Apontado por centrais sindicais como "ultraliberal" e "privatista", o novo presidente da Petrobras, Pedro Parente, afirmou nesta sexta-feira que a privatização da estatal "não está madura" para ser discutida com a sociedade. Isso é um gigantesco erro de avaliação dele. Depois da monumental roubalheira cometida pelo petismo na estatal, este é, seguramente, o momento histórico indeclinável de se discutir a privatização, especialmente porque a corrupção se alimentar do estatismo. Segundo o executivo, a decisão sobre uma eventual privatização da petroleira caberia ao acionista controlador, a União, mas disse que o tema não foi abordado em conversa com o presidente Michel Temer. "Não vim para cuidar de privatização da Petrobras. Não é este o meu mandato. Não vou perder tempo com essa questão porque não está madura para uma discussão na sociedade", afirmou o executivo na entrevista, veiculada nesta manhã. "Esse tema não se coloca para nós. Isso é uma decisão de acionista controlador. Eu não vejo essa discussão acontecendo no governo e não foi parte da conversa do presidente Temer comigo", completou. Parente disse que sua missão à frente da petroleira é "resgatar" a companhia. Segundo ele, sua prioridade é a recuperação financeira da empresa, com a redução do endividamento. Para tanto, ele voltou a descartar uma capitalização da estatal pelo governo, opção apontada por analistas de mercado como necessária nos próximos dois anos. "Se o problema foi gerado dentro da companhia, nós temos que encontrar os meios para resolvê-lo dentro da própria companhia", resumiu o executivo na entrevista. Na quinta-feira, em discurso na sede da estatal, Parente já havia descartado a opção. Segundo ele, a opção poderia diluir outros acionistas, onerar a Fazenda em tempos de rombo fiscal, além de penalizar o contribuinte. Parente indicou que não pode afirmar que a corrupção na empresa já acabou. "É muito difícil responder a esta pergunta, está certo? E eu não sou irresponsável para dizer que já acabou ou que não acabou, está certo? A afirmação taxativa que eu faço é: essas investigações continuam com todo nosso apoio", completou. O tom duro do discurso de Pedro Parente, na quinta-feira, na Petrobras, causou revolta entre petroleiros e sindicatos da categoria. Em nota, a petista Federação Única dos Petroleiros (FUP), maior entidade da categoria, que nunca deu um pio sequer contra a roubalheira do petismo na estatal, chamou o novo presidente de "tucano", em referência à sua atuação no governo de Fernando Henrique Cardoso. "O tucano Pedro Parente deixou claro a que veio: retomar a agenda de privatização que iniciou no governo FHC, quando aprovou no conselho de administração mudar o nome da empresa para Petrobrax e entregar 30% da Refap à Repsol", informou a nota. A Federação criticou a posição favorável à mudança nas regras de exploração do pré-sal, com a retirada da obrigatoriedade de participação da Petrobras. "Se isso acontecer, a empresa perderá 82 bilhões de barris petróleo, levando em conta as estimativas de que o pré-sal tenha 273 bilhões de barris de reservas. Que petrolífera no mundo abriria mão de todo esse petróleo, como pretende fazer o recém empossado presidente da Petrobras?" - completou. Também a Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet) questionou o teor do discurso, como a proposta de mudanças no pré-sal e na política de conteúdo local. "Pedro Parente mostrou a que veio na Petrobras: promover o desmonte da empresa, inclusive abdicando do pré-sal. A AEPET repudia veementemente as posições de Parente, que atentam contra a integridade da Petrobras", indicou a associação petista em nota.

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