quinta-feira, 23 de junho de 2016

PRISÃO DO PETISTA PAULO BERNARDO - Desvios no Planejamento abasteceram caixa do PT, diz Polícia Federal


A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (23) uma operação que investiga um esquema de corrupção usado para abastecer o caixa do PT. Paulo Bernardo, ex-ministro dos governos Lula e Dilma, foi preso preventivamente, suspeito de ter se beneficiado de R$ 7 milhões em propina. O valor que foi recebido por escritório de advocacia ligado ao petista. Ele foi detido em Brasília, no apartamento funcional onde estava com a mulher, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). A casa dos dois, em Curitiba, também foi alvo de buscas. O petista foi levado para sede da Polícia Federal em São Paulo, que centraliza a investigação, um desdobramento da Lava Jato. Esta é a primeira vez que um ex-ministro de Dilma é preso no âmbito da operação. O ex-ministro da Previdência e da Secretaria da Aviação Civil, o também petista Carlos Gabas, amigo pessoal da presidente afastada Dilma Rousseff, e o jornalista Leonardo Attuch, dono do site "Brasil 247", foram chamados a depor voluntariamente. A residência de Gabas em Brasília e a sede do "Brasil 247" ainda foram alvo de busca e apreensão. O secretário municipal de Gestão de São Paulo, Valter Correia, que já trabalhou no ministério do Planejamento, também foi detido e sua casa foi alvo de busca e apreensão. Há ainda um mandado de prisão para o ex-tesoureiro do PT João Vaccari, já preso pela Operação Lava Jato em Curitiba. Outro alvo de prisão preventiva é o advogado Guilherme Gonçalves, que atuou nas campanhas de Gleise Hoffmann. Ele está em Portugal e se apresentará à Policia Federal assim que chegar ao Brasil, afirmou seu advogado. A Polícia Federal também realizou buscas em seu escritório. São alvos de buscas a sede nacional do PT, em São Paulo, e a sede do partido em Brasília. Militantes do partido fizeram um protesto em frente ao local e acusaram a Polícia Federal de perseguir a sigla. Foi estendida uma faixa com a imagem do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) com os dizeres "Tchau ladrão" e a pergunta "E o Temer?" Batizada de Custo Brasil, a operação mira em um esquema de pagamento de propina em contratos de prestação de serviços de informática do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, pasta que foi comandada por Paulo Bernardo. Os investigadores afirmam ter elementos de que agentes públicos do ministério direcionaram licitações em favor da empresa de tecnologia Consist Software, que gerenciava créditos consignados para servidores federais. As fraudes teriam desviado cerca de R$ 100 milhões entre os anos de 2010 e 2015 para contas do PT, de servidores do ministério, entre eles Paulo Bernardo, e de operadores responsáveis por lavar o dinheiro. A investigação é fruto da delação premiada do ex-vereador de Americana (SP), Alexandre Romano, o Chambinho, preso em agosto de 2015. Segundo os policiais, ele foi um dos operadores do desvio e responsável por fazer repasses ao PT. Esta é a primeira operação da Polícia Federal em São Paulo fruto de desdobramento da Operação Lava Jato. O inquérito policial foi instaurado em dezembro de 2015, após o Supremo Tribunal Federal determinar que a documentação apreendida na 18ª fase da Operação Lava Jato, conhecida como Pixuleco 2, fosse encaminhada para investigação em São Paulo. A operação está sendo chefiada pela Delecor de São Paulo (Delegacia de Repressão a Corrupção e Crimes Financeiros).
 

Estão sendo cumpridos 11 mandados de prisão preventiva, 40 mandados de busca e apreensão e 14 mandados de condução coercitiva nos Estados de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Distrito Federal, todos expedidos, a pedido da Polícia Federal, pela 6ª Vara Criminal Federal em São Paulo. Os alvos em Brasília foram levados para o hangar da Polícia Federal  e embarcados às 9 horas. Os investigados poderão responder pelos crimes de tráfico de influência, corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa, com penas de 2 a 12 anos de prisão. 

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