segunda-feira, 6 de junho de 2016

"Quero fazer governo democrático", diz Kuczynski antes de resultado final no Peru

Ainda sem resultados finais oficiais anunciados, o candidato Pedro Pablo Kuczynski fez um discurso a seus apoiadores no começo da noite deste domingo (5). "Precisamos esperar o resultado oficial, mas estamos muito felizes, porque queremos fazer um governo democrático e dialogante", disse o economista, enquanto seus apoiadores gritavam "ditadura, nunca mais".


PPK também pediu aos fiscais que estão nos centros de contagem de votos que sigam "vigilantes" para garantir que o resultado seja "limpo e claro". Ele disse que, se for confirmado presidente, seu mandato será um período "sem brigas e de inclusão". Acrescentou que, se eleito, irá "escutar todas as vozes do espectro político". Se de fato vencer a eleição, PPK conviverá com um Congresso de maioria fujimorista, eleito em 10 de abril. Enquanto isso, uma pequena multidão também se aglomerava ao redor do hotel Meliá, onde está Keiko Fujimori. Logo após o discurso de PPK, ela foi até a varanda do hotel onde espera o resultado, agradeceu aos apoiadores e disse: "Esses resultados que vocês estão vendo na televisão mostram um empate técnico, mas esperem a chegada do voto rural e do voto do exterior, temos certeza de ter mais de 50%". Resultados prévios do Instituto Ipsos dão uma vitória a PPK por poucos votos — uma diferença de apenas um ponto percentual, o que corresponde a cerca de 150 mil eleitores. O órgão responsável pelas eleições fará um pronunciamento às 21h (23h do Brasil), com o resultado de um escrutínio rápido, a partir da amostragem de 30% dos votos. Kuczynski vem de família de imigrantes. Filho de mãe suíço-francesa e pai judeu polonês, nasceu em Iquitos, mas logo saiu para estudar fora. Cursou economia e filosofia em Oxford e em Princeton. Ao voltar ao Peru, trabalhou no governo de Fernando Belaúnde (1963-68), mas, quando este foi deposto pelo golpe militar de Velasco Alvarado, retornou aos Estados Unidos, onde trabalhou no Banco Mundial. Durante a administração de Alejandro Toledo (2001-2006), foi primeiro-ministro e ministro da Economia. Em sua campanha, PPK chamou a atenção para o fato de, por ter integrado o governo que veio logo após a ditadura fujimorista, ter sido peça essencial no desmonte do aparato ditatorial. Nas últimas semanas, PPK deixou o estilo passivo para sair ao ataque, afirmando que uma vitória de Keiko seria um retrocesso democrático. Passou a repetir cada vez mais em discursos a palavra "liberdade" e a se descrever como um "político de centro, não de ultradireita como dizem". De fala lenta e sotaque estrangeiro, sabe que a idade (77 anos) é um ponto negativo em seu currículo, por isso vem repetindo que gosta de se exercitar e tem "muito vigor". Casado pela segunda vez, também com uma norte-americana, tem quatro filhos. Keiko é uma velha conhecida dos peruanos. Passou a ser a primeira-dama do país quando tinha apenas 19 anos, após o divórcio do pai. Quando a ditadura caiu e Fujimori migrou para o exílio, Keiko foi aos Estados Unidos para estudar. Recebeu seu MBA na Universidade Columbia em 2006 e se casou com um norte-americano, com quem tem duas filhas. Logo, voltou ao Peru e passou a investir na carreira política. Elegeu-se congressista por Lima e então começou a montar sua candidatura presidencial. Derrotada, passou a fazer campanha para conseguir um indulto para o pai, hoje preso, condenado por crimes de corrupção e abuso de direitos humanos. Conservadora, Keiko estudou no Colégio de la Recoleta, instituição católica frequentada pela elite de Lima. Ela se diz contra o aborto, salvo em caso de risco de vida à mãe (única condição aceita na lei peruana) e é contra o matrimônio homossexual. Aos 41 anos, durante a campanha, apresentou soluções diretas e firmes, propondo legalizar a mineração ilegal, prometendo mandar o Exército às ruas para garantir a segurança, impor toque de recolher em locais perigosos e aumentar os gastos do Estado em saúde.

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