sexta-feira, 3 de junho de 2016

Temer limita vôos de Dilma com avião da FAB a Porto Alegre, e ela reclama


O governo de Michel Temer produziu um parecer técnico que restringe o deslocamento aéreo de Dilma Rousseff por meio de aeronaves da FAB (Força Área Brasileira) durante o período de afastamento da petista da Presidência da República. O documento feito pela Casa Civil, que tem como objetivo orientar a partir desta sexta-feira (3) todas as áreas do governo sobre os benefícios a que Dilma terá direito, limita o deslocamento aéreo de Brasília a Porto Alegre (RS), onde vivem os familiares dela. Na capital gaúcha, onde participou na tarde desta sexta-feira do lançamento do livro "A Resistência ao Golpe de 2016", a petista definiu como "grave" a restrição de seus vôos. "Hoje teve uma decisão da Casa Civil, ilegítima e interina, cujo objetivo é proibir que eu viaje. Vejam bem, vocês têm que ficar alegres. Meu direito de viagem parece que é só de Brasília para Porto Alegre. Mas não podem ficar alegres porque é um escândalo que eu não possa viajar pro Rio, pro Pará, pro Ceará. Isso é grave", disse Dilma. "Não sei se vocês sabem mas eu não posso, como qualquer outra pessoa, pegar um avião normal. Tem que ter toda a segurança atrás de mim, garantindo minha segurança. É a Constituição que manda", argumentou. "Estamos diante de uma situação que tem que ser resolvida. Eu vou viajar. Vamos ver como vai ser minha viagem", disse. Mais tarde, Dilma participou de protesto contra o presidente interino, Michel Temer (PMDB), na Esquina Democrática, no centro de Porto Alegre. O local é ponto tradicional para atos de movimentos sociais, desde a ditadura militar. O protesto não conseguiu reunir 2 mil pessoas.  Lá, ela voltou a falar do assunto: "eles têm medo de vocês, por isso não querem que eu viaje". "Eu não tenho contas na Suíça. Eu não tenho dinheiro da corrupção nas minhas mãos. Elas não estão sujas por esse dinheiro", disse Dilma. Em campanha para retornar ao cargo, a presidente afastada tem feito viagens pelo País para participar de eventos minúsculos contra o impeachment. Na semana passada, viajou para Belo Horizonte e, nesta semana, também foi para o Rio de Janeiro. Além de restringir seus vôos com aviões da FAB, o parecer garante à petista residir até a votação final do impeachment no Palácio da Alvorada e lhe assegura a remuneração integral de presidente, de R$ 30,9 mil. O valor é acima do que prevê a chamada Lei do Impeachment, que certifica o pagamento de metade do vencimento. O documento ainda prevê que ela tem direito, como suporte durante seu afastamento, a cinco veículos terrestres, onze seguranças e uma ambulância. Dilma também questionou a redução do prazo de sua defesa no processo do impeachment, decidido pela comissão especial no Senado na quinta-feira (2). Segundo a presidente afastada, há "tentativa de impedir que se exerça o direito de defesa". "Esse direito de defesa é um espaço de disputa política. Ser democrata é garantir o direito de defesa. Ora, se eles não são capazes de garantir o direito de defesa, não são democratas, são golpistas", disse. A petista comentou, ainda, a delação de Nestor Cerveró. De acordo com o jornal "O Globo", despesas pessoas da presidente afastada foram pagas por propinas da Petrobras, como gastos com o cabeleireiro Celso Kamura. "Eles ligam o cabelo com Pasadena. Acontece que Pasadena foi em 2006, eu não conhecia o Celso Kamura. Fui conhecer quatro anos depois. Não passa nem pelo meu sonho que eu seria candidata à presidência da República", afirmou. "Depois que acabou a campanha eu contratei Celso. Eu tenho os comprovantes que eu paguei a passagem e o serviço de cabelo", disse. O ato que a petista participou em Porto Alegre começou com uma apresentação do cantor Nei Lisboa. O artista cantou o refrão "Dilma já vai voltar/Dilma, fácil de ver/Dilma e Fora Temer/ Dilma fácil de amar". Nei Lisboa é irmão do falecido Luis Eurico Tejada Lisboa, terrorista que foi morto pelas forças da repressão no início da década de 70, em uma pensão no bairro do Bexiga, em São Paulo. Ela era casado com a terrorista Suzana Keniger Lisboa, que fez treinamento militar e de contra-inteligência em Cuba, junto com o bandido petista mensaleiro José Dirceu. Suzana e Luis Eurico fizeram parte, no final da década de 60, de um grupelho da luta armada, dissidência do antigo POC (Partido Operário Comunista), que ficou conhecido como "Brigada Brancaleone". A ação mais vistosa desse grupelho foi um assalto ao apartamento do coronel Ilus Moreira. A filha do coronel era muito amiga de Suzana Keniger Lisboa. Recentemente, a jornalista Noeli Lisboa, irmã caçula da família, em uma postagem extensa e dramática no Facebook, fez um rompimento fulminante com o PT. De tal modo Noeli estava decepcionada com o PT que desejava sair do País com sua neta e neto. Na noite desta sexta-feira, Nei Lisboa dedicou a música a Dilma: "Com muita honra, minha presidenta". Durante o breve show, a petista mandava beijos para militantes da platéia, que não passavam de 2 mil. Ao final, ela abraçou o cantor. "Creio que Nei Lisboa nos emocionou com a música '1968' e me honrou citando meu nome. Nunca meu nome foi tão bonito", disse a presidente afastada no início de sua fala. Pena que não tenha cantado também o ex-companheiro de militância de Dilma Rousseff na Var, o cantor e compositor Raul Elwanger. Eles poderiam ter relembrado a noite de 22 de setembro de 1969 em Porto Alegre, que marcou o fim do restaurante mais famoso do Rio Grande do Sul na época, o Rembrandt, devido ao assassinato de seu proprietário, o alemão Kurt Kriegel. Dilma ainda falou sobre os cortes sociais do governo Temer e disse que os ministros do governo interino foram escolhidos e indicados por Eduardo Cunha (PMDB), afastado de seu mandato de deputado federal e da presidência da Câmara. Ela chegou à capital gaúcha na noite de quinta-feira (2). Na manhã desta sexta-feira, ela pedalou na orla do rio Guaíba, cartão-postal da cidade, como de costume. Dilma se especializou em pedalada, como todos sabem. E hoje em dia só ensaia farsas. 

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