quarta-feira, 6 de julho de 2016

Crise política e financeira na Itália ameaça gerar novo caos para a Europa



As ações de bancos da Itália afundaram nesta terça-feira (5), abalando as bases financeiras da terceira maior economia da zona do euro e ameaçando contagiar outras nações da União Européia. A crise pode empurrar a Itália de volta à recessão e, em um cenário apocalíptico, gerar um tipo de colapso similar ao da Grécia que seria quase impossível de a Europa conter. Os bancos da Itália estão sufocados com uma pilha de empréstimos ruins e, elevando o crescente sentimento de instabilidade, o primeiro-ministro, Matteo Renzi, prometeu se demitir caso seja derrotado em um referendo sobre a reforma constitucional, em outubro. Pesquisas de opinião recentes dizem que ele deve perder por grande margem. "A Itália enfrenta uma grave crise que é exponencial. Isso não é gradual e não linear", disse Francesco Galietti, chefe da consultoria de risco Policy Sonar e ex-funcionário do Ministério das Finanças: "A causa imediata é a crise bancária". O índice acionário do setor bancário da Itália caiu 30% desde que o Reino Unido votou em 23 de junho para sair da União Européia, elevando as perdas acumuladas no ano a 57%. O índice de ações do setor bancário da zona do euro caiu 22% e 37%, respectivamente. Na terça-feira, o índice italiano perdeu mais 1,44%, para próximo dos patamares mais baixos em três anos. A Itália é política e financeiramente frágil, muitas vezes descrita como "grandes demais para salvar" em uma crise, e mesmo tendo pouca ligação econômica direta entre seus bancos e a votação britânica, qualquer choque mundial cria grandes tremores no país. "A Itália é, essencialmente, a linha falha da Europa", disse um ex-funcionário do FMI. "Tanto a dívida pública e o setor bancário são um barril de pólvora, sendo mantidos por um processo de não reconhecimento de prejuízos acumulados no sistema que eles continuam rolando. O verdadeiro problema é que alguém tem de assumir as perdas eventualmente", acrescentou. As preocupações imediatas estão centradas no terceiro maior banco da Itália, o Monte dei Paschi di Siena, que tem a maior proporção de créditos ruins em carteira entre bancos italianos listados. O Banco Central Europeu determinou que o banco reduza essas dívidas em 40% em três anos. A Itália negocia com a União Européia para elaborar um plano para recapitalizar seus bancos, incluindo o Monte dei Paschi, na esperança de usar dinheiro público para evitar perdas potencialmente enormes para os detentores de bônus e ações, muitos deles pequenos investidores comuns. O acordo pode exigir uma flexibilização das regras anti-resgate que a União Européia adotou em 2014 para forçar os investidores e alguns depositantes a compartilharem o peso das falências bancárias. A Alemanha diz que as regras devem ser respeitadas, mas a Itália afirma que a flexibilidade é necessária para evitar um possível contágio bancário decorrente da decisão britânica.

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