sábado, 30 de julho de 2016

Empresa de remédios geenéricos acusa petista Delcídio do Amaral de tentativa de extorsão


Citada na delação do ex-senador Delcídio do Amaral, a EMS, maior fabricante de medicamentos do País, apresentou defesa na semana passada em que acusou o ex-petista de ter tentado extorqui-la, ameaçando-a para que pagasse uma dívida de campanha dele de R$ 1 milhão. De acordo com a empresa, Delcídio usou seu prestígio como senador e sua suposta proximidade com a presidente hoje afastada, Dilma Rousseff, para fazer pressão. Delcídio disse a investigadores da Lava Jato que, em 2014, tinha uma dívida deixada por sua campanha derrotada ao governo de Mato Grosso do Sul e que procurou o ex-ministro Edinho Silva, que fora tesoureiro da campanha de Dilma, para quitá-la. Ainda segundo Delcídio, Edinho orientou-o a pedir às empresas credoras para apresentarem notas fiscais em que figurasse como tomadora de serviço a EMS, que faria o pagamento. As credoras eram duas agências de comunicação: a FSB e a Black Ninja. O ex-senador disse, na delação, que essas duas agências emitiram as notas fiscais – R$ 500 mil cada. Porém, segundo ele, ao surgirem na mídia notícias de envolvimento da EMS com a Lava Jato, as próprias agências tiveram receio e cancelaram as notas, arcando com o prejuízo. A EMS rebateu as acusações, em documento assinado por seu advogado criminalista, Fernando José da Costa, enviado à 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília, onde tramita uma apuração preliminar contra Edinho baseada na delação de Delcídio. A apuração foi remetida pelo Supremo Tribunal Federal à primeira instância após Edinho deixar a Secretaria de Comunicação de Dilma e perder o foro privilegiado. Na versão da EMS, um assessor de Delcídio, identificado como Diogo, procurou um diretor da farmacêutica no final de 2014 e pediu à empresa para quitar a dívida. Diante de uma negativa, ainda conforme a EMS, o assessor tentou intimidar o diretor: "Você sabia que Delcídio é senador e amigo pessoal da presidente da República?" Dias após essa conversa, o diretor recebeu as notas por e-mail. A EMS sustenta que não pagou, o que teria levado ao cancelamento das notas. A farmacêutica argumenta que seu nome já havia sido vinculado à Lava Jato em abril de 2014, na primeira fase da operação, em episódio envolvendo a Labogen, ligada ao doleiro Alberto Youssef. "Antes da própria emissão das notas frias, a peticionária EMS já havia aparecido na mídia, caindo por terra a afirmação de Delcídio de que essas empresas FSB e Black Ninja optaram por cancelar tais notas em razão do surgimento de escândalos", diz. O trecho da delação de Delcídio sobre a EMS chamou a atenção de investigadores para um eventual novo filão de propinas: o setor de saúde. A Procuradoria da República no Distrito Federal informou que o caso está em análise. 

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