quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Quem tem medo de Alexandrino Alencar no Rio Grande do Sul?


Ex-vice-presidente da Fiergs e ex-diretor da Federasul, homem que decidia verbas políticas e publicitárias da Braskem e da Odebrecht no Rio Grande do Sul, "amigão" de publicitários, políticos e jornalistas gaúchos, ele talvez venha a deixar alguma gente mal no Estado. Ou talvez sua delação premiada na Operação Lava Jato não faça qualquer arranhão em polícitos, publicitários e jornalistas gaúchos, devido à desimportância atual do Estado. O executivo não é gaúcho, mas descende diretamente de Alexandrino Alencar, de quem herdou o nome, filho, este sim, de Rio Pardo, onde nasceu em 12 de outubro de 1848, tendo morrido em 18 de abril de 1926. O ancestral do ex-diretor da Braskem foi um político brasileiro, senador durante a República Velha (ou Primeira República). Casou com Amália Murray Simões e Santos e teve duas filhas e um filho, o ministro Armando de Alencar, do Supremo Tribunal Federal do Brasil. Está confirmada a delação premiada que Alexandrino Alencar fará na Lava Jato. Ele chegou a ser preso e atualmente está solto. Ele falará no âmbito da delação premiada liderada por Marcelo Odebrecht e que envolverá 70 homens da linha de frente do grupo, que no Rio Grande do Sul controla o Pólo Petroquímico de Triunfo, entre outros negócios. Alexandrino Alencar foi membro do Conselhão do ex-governador, o peremptório  petista poeta de mão cheia e tenente artilheiro Tarso Genro, convidado pessoalmente pelo petista, que era seu amigo. 


Alexandrino Alencar nasceu no Rio de Janeiro, mas morou em Bagé e em Porto Alegre. Na Capital, estudou no Colégio Marista Rosário e se formou em Química na PUC, em 1970. Mesmo depois que seu nome foi citado no escândalo, como suspeito de intermediar propinas e patrocinar viagens do poderoso chefão e ex-presidente Lula ao Exterior, não deixou de frequentar reuniões de diretoria do sistema Fiergs/Ciergs e da Federasul, como frequentou antes reuniões de negócios para Braskem e Odebrecht com vários governadores, como Tarso Genro, PT. Em 2007, quando passou a atuar na holding da Odebrecht, ele diminuiu a frequência das viagens ao Estado, mas não se afastou totalmente. Ele foi convidado pessoalmente por Tarso Genro para integrar o Conselho de Desenvolvimento Social e Econômico (Conselhão), e advogava negócios que poderiam beneficiar a Odebrecht, como a concessão de serviços de água e saneamento e a construção da ERS-010. Era o contato quando alguém queria contribuição da Odebrecht para campanha eleitoral e também por jornalistas e publicitários que queriam publicidade ou patrocínios, usando para isto a sua agência no Estado, a Escala, e seu contato preferido ali, o publicitário Alfrredo Fedrizzi, com quem costumava circular. A Escala, atualmente, pertence ao marqueteiro baiano Nizan Guanaes, que cuida também dos interesses publicitários da Odebrecht. A interlocutores mais próximos, Alexandrino Alencar contou saber que a Polícia Federal tinha em seu poder mensagens trocadas entre ele e o doleiro Alberto Youssef. Uma das que havia enviado ao paranaense dizia “Saudade!”, depois de certo tempo em que não se encontravam. A conexão entre os dois havia sido revelada por Rafael Angulo Lopez, espécie de office boy do doleiro que, ao menos uma vez, teria visitado o escritório de Alexandrino Alencar na sede da Odebrecht. Empresários descrevem Alexandrino como uma pessoa obstinada em cumprir a missão que lhe é conferida, disposto a ir até o fim na tarefa de convencer opositores das idéias que defende. Para isso, é mestre em construir relacionamentos e abrir portas. "Ele gostava de dizer que tomava café da manhã em Salvador, almoçava em São Paulo e jantava em Porto Alegre", lembra um interlocutor. Na defesa dos interesse da Odebrecht, desdobrava-se para ter assento na diretoria de entidades empresariais gaúchas. Mesmo morando em São Paulo, era mais assíduo nas reuniões do que porto-alegrenses. E isso valia inclusive para a quase inexpressiva entidade ADVB gaúcha, na qual ele colocou uma pessoa amiga como presidente. Também foi protagonista na árdua tarefa de vencer resistências à disposição da Braskem de adquirir a Copesul, então central de matérias-primas do pólo petroquímico de Triunfo, parte da estratégia da Odebrecht – apoiada pela Petrobras – de dominar o setor no Brasil. Como vice-presidente de relações institucionais da Braskem, comandou o processo que transformou a empresa em monopolista no setor.

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