sábado, 6 de agosto de 2016

Safras recordes de grãos nos Estados Uniddos preocupam Brasil



O cenário da safra norte-americana, se confirmadas as expectativas de parte do mercado, é preocupante para o produtor brasileiro. As avaliações são de bons números de produtividade no relatório do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) que será divulgado na próxima sexta-feira (12). As lavouras de soja e de milho têm os melhores desempenhos desde 1994. Com isso, parte do mercado acredita que a produtividade da soja, estimada em 52,3 sacas por hectare, deverá subir para 54 a 54,5 sacas. Se o Usda realmente apresentar esses números de produtividade, a safra de soja norte-americana irá para o recorde de 110 milhões de toneladas. O recorde anterior tinha sido em 2015/16, quando os produtores norte-americanos colheram 106,9 milhões de toneladas. Daniele Siqueira, analista da AgRural, não acredita, no entanto, que o Usda vá elevar tanto a produtividade neste início de agosto. Este mês ainda é um período de influências do clima sobre as lavouras. Já as lavouras de milho estão praticamente definidas, segundo a analista. E, nesse caso, as previsões otimistas de produtividade do mercado poderão ser referendadas pelo Usda. A produtividade média mais recente do Usda era de 175,7 sacas por hectare. As novas projeções do mercado são de produção de 180 sacas por hectare. Se confirmados esses valores, a produção total do país iria a 378,5 milhões de toneladas, um volume nunca atingido pelos EUA. O recorde anterior ocorreu em 2014/15, quando a produção de milho foi de 361,1 milhões de toneladas. A pergunta é o quanto o mercado já precificou essa possível alta de produtividade, segundo Siqueira. As quedas de preços da semana já podem ser um sinal dessa atenção que o mercado está dando para esses números. O mercado brasileiro também reagiu. A queda de preços fez diminuir o ritmo de negociações. Dados da AgRural indicam que as vendas antecipadas da safra de soja de 2016/17 foram a 23% em julho, pouca diferença dos 20% de junho. Já as de milho subiram para 74%, ante 66% em junho. A queda do dólar e o recuo de preços em Chicago – o que ocorre neste momento – são tudo o que os produtores brasileiros não querem ver. O mercado internacional refletiu a baixa de suco de laranja do Brasil durante a safra 2016/17. Olhando para os chamados fundamentos do mercado, os operadores da Bolsa de commodities de Nova York imprimiram uma alta de 4,7% nos preços do primeiro contrato de negociações futuras. Essa alta refletiu a divulgação do CitrusBR (Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos), na quinta-feira (4), de possível estoque zero de suco em junho do próximo ano. Após atingir 766 mil toneladas em 2013, os estoques caíram para 510 mil em junho de 2016, e para 352 mil no mesmo mês deste ano. A tonelada de suco de laranja, que valia US$ 1.800,00 há um ano, está em US$ 2.300,00 e poderá ficar próxima de US$ 3.000,00 projetam algumas estimativas. Mais uma vez, as quedas na safra e no rendimento industrial no Brasil resultarão em produção de apenas 708 mil toneladas de suco na safra 2016/17, uma redução de 18% em relação à anterior.

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