quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Uruguai chama de mal-entendido suposta compra de voto no Mercosul


O Uruguai chamou nesta quarta-feira (17) de mal-entendido a interpretação de que o Brasil teria tentado "comprar o voto" do país para impedir que a Venezuela assumisse a presidência temporária do Mercosul. A declaração é feita após o mal-estar provocado pela declaração do chanceler uruguaio, Rodolfo Nin Novoa, na qual afirmou que o presidente Tabaré Vázquez ficou "muito incomodado" com a proposta do governo brasileiro.  


Segundo Nin Novoa, seu colega brasileiro, José Serra, disse que, caso o Uruguai aprovasse a suspensão de Caracas do bloco, o Brasil "nos levaria em suas negociações com outros países", em referência a acordos comerciais. A frase foi publicada pelo jornal uruguaio "El País" na terça-feira (16) e levou Serra a convocar o embaixador uruguaio em Brasília, Carlos Daniel Amorín-Tenconi, para prestar esclarecimentos, em sinal de reprovação. Em entrevista, Serra disse que a situação foi resolvida: "Não há mais nenhum problema no nosso trabalho conjunto com o Uruguai. Ele (Rodolfo Nin Novoa) considera que houve mal-entendido, um equívoco da parte deles". Horas depois, a Chancelaria uruguaia confirmou a interpretação do mal-entendido: "Ficou perfeitamente claro que a proposta não tem qualquer relação com a consideração da passagem da presidência do Mercosul. O Uruguai entende que a prioridade essencial é conseguir evitar qualquer impasse que provoque uma paralisação nas atividades do bloco. Com o objetivo de fortalecer o Mercosul, o diálogo é essencial para este propósito". Dos quatro países-membros originais, apenas o Uruguai é favorável à Venezuela na chefia do bloco. Brasil, Argentina e Paraguai se opõem por rejeitarem o mandatário venezuelano, Nicolás Maduro. Devido ao impasse, o Mercosul está sem presidente desde 1º de agosto. Os três países acusam o chavista de não respeitar os direitos humanos ao manter opositores presos e reprimir manifestações de seus rivais. O argumento oficial, porém, é que Caracas não cumpriu as exigências para se tornar membro permanente do bloco até 12 de agosto, quando terminou o prazo de quatro anos para que o país se adequasse a todos os tratados. Também é avaliada a possibilidade de "rebaixar" a Venezuela na organização para impedir Maduro de assumir a Presidência. Caracas já esteve à frente do Mercosul de julho de 2013 a julho de 2014. Nesta quarta-feira, Serra voltou a dizer que Maduro não tem condições de dirigir o Mercosul e que é preciso encontrar uma solução para o comando do bloco até janeiro, quando assume a Argentina. Para o tucano, a Venezuela entrou no bloco por meio de um golpe, já que o Paraguai, que não concordava com a entrada, estava suspenso: "Para entrar, é preciso que os outros membros concordem unanimemente". As declarações foram feitas após o chanceler brasileiro receber dois adversários de Nicolás Maduro — Luis Florido, presidente da Comissão de Relações Exteriores da Assembleia Nacional, e Carlos Vecchio. Na entrevista, Serra reiterou sua posição a favor do referendo revogatório contra o chavista ainda neste ano, como quer a oposição venezuelana. Se a consulta for feita até 10 de janeiro e o "sim" vencer, haverá novas eleições no país. "Todos os países democráticos do mundo devem pressionar o governo venezuelano para que realize no prazo mais breve possível esse referendo", disse.

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