quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Construtora gaúcha Bolognesi tem bens bloqueados pela Justiça a pedido da Polícia Federal


Investigada na Operação Greenfield da Polícia Federal, deflagrada na segunda-feira, a Bolognesi Energia, do grupo Bolognesi, teve o sigilo bancário quebrado, além de sequestrados por determinação judicial um imóvel rural, uma aeronave e um automóvel. O grupo se tornou alvo do Ministério Público Federal por ter participação em empresa que recebeu R$ 800 milhões de aporte suspeitos com origem em fundos de pensão. As medidas, que incluíram operação de busca e apreensão na sede da Bolognesi, em Porto Alegre, foram determinadas pela 10ª Vara Federal de Brasília, na apuração de ações fraudulentas que teriam causado um prejuízo de R$ 8 bilhões em fundos de previdência complementar de estatais e bancos públicos. Conforme os indícios colhidos pelo Ministério Público Federal, esses fundos são suspeitos de fazer investimentos ilegais ou irregulares em troca de pagamento de propina a gestores e políticos. A Polícia Federal chegou à Bolognesi por conta da participação do grupo em uma empresa de investimentos em energia, a Multiner. Fundada por ex-dirigentes da Eletrobras, a Multiner recebeu, em 2009, R$ 412 milhões de 11 fundos de pensão. Por esse preço, os fundos adquiriram 20% das ações da empresa. Contudo, seu real valor de mercado havia sido supervalorizado. Segundo o Ministério Público Federal, com essa quantia, os fundos deveriam controlar 68% da Multiner. Em 2012, após sucessivos prejuízos, a Multiner teve parte do controle acionário assumido pelo Bolognesi, que levou para o negócio a operação de duas usinas de energia. Com a justificativa de que o grupo gaúcho teria experiência na área e iria estancar os prejuízos sucessivos, os fundos de pensão injetaram mais R$ 391,6 milhões, a despeito de voto contrário do diretor de investimento da Funcef, da Caixa Econômica Federal. O resultado continuou negativo nos anos seguintes. O Ministério Púbico Federal aponta também que, antes do aporte de novo capital, não foi realizada a avaliação dos ativos apresentados pelo Bolognesi, conforme previsto na assinatura do contrato. Um novo acordo foi fechado em 2014, com o grupo Bolognesi assumindo o controle direto e indireto da Multiner, com 61,86% das ações ordinárias, e a Multiner Fundo de Investimentos em Participações (FIP Multiner) com os 38,14% restantes. Até o final do ano passado, o grupo gaúcho deveria injetar mais R$ 100 milhões na empresa, investimento que a Polícia Federal não sabe se ocorreu. "A investigação quer saber se o grupo Bolognesi se beneficiou ilegalmente dos aportes feitos pelos fundos de pensão. Estamos rastreando esse dinheiro", informa um integrante do Ministério Público Federal. Além da ação na sede da Bolognesi, agentes da Polícia Federal estiveram em um apartamento no bairro Bela Vista, em Porto Alegre, pertencente a Julio Pereira Cardozo Junior. Ele é apontado como ex-diretor de administração de carteira da Vitória Asset Management, empresa que geria o fundo investidor da Multiner no qual ingressavam os recursos dos fundos de pensão. Cardozo Junior foi levado coercitivamente para prestar depoimento, pois, segundo o Ministério Público Federal, teria agido "diretamente para ocorrência do prejuízo financeiro de Petros, Postalis e Funcef ao gerir de forma fraudulenta" o fundo da Multiner. Na gestão da empresa, a Vitória, com a Planner Corretora de Valores, teria recebido R$ 15 milhões além do devido. 

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