quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Polícia Federal abre novo inquérito sobre propinas da Odebrecht em 38 obras

A Polícia Federal abriu novo inquérito para apurar pagamentos de propinas da Odebrecht em outros contratos, além dos que estavam sob investigação na Petrobras pela Operação Lava-Jato. O alvo são 38 negócios identificados nos registros de pagamentos do Setor de Operações Estruturadas da empresa — o chamado "departamento da propina" — nas apurações da 35ª fase, batizada de Operação Omertà, que prendeu, na segunda-feira, o ex-ministro e "porquinho" petista Antonio Palocci. Quatro das obras com suspeita de corrupção foram realizadas no Rio Grande do Sul: dragagem e aprofundamento do canal da barra de acesso ao Porto de Rio Grande, prolongamento dos Molhes do Porto de Rio Grande, extensão da Linha 1 da Trensurb na Região Metropolitana e barragem do Arroio do Taquarembó, entre Dom Pedrito e Lavras do Sul. Essa última obra já foi alvo de investigação da Operação Solidária, da Polícia Federal. O ex-secretário da Irrigação, a ex-secretária adjunta de Obras e engenheiros da MAC Engenharia foram condenados neste ano por irregularidades. O delegado federal Filipe Hille Pace, da equipe da Lava-Jato, em Curitiba, resolveu na terça-feira, abrir o novo inquérito. "Resolve: Instaurar Inquérito Policial para amparar as medidas de polícia judiciária decorrentes dada deflagração da 35° fase ostensiva da Operação Lava-Jato, batizada de 'Omertà', especificamente em relação ao núcleo de investigação objeto das medidas cautelares deferidas", informa Pace, em seu despacho. São apurados prática dos crimes de corrupção ativa, passiva, quadrilha, lavagem de capitais e de fraude em licitações. "Foram identificados diversos beneficiários de recursos ilícitos disponibilizados pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht", informa o delegado. Na mira da Polícia Federal estão 38 obras da empreiteira Odebrecht em todo o País e no Exterior. Os empreendimentos foram destacados pelo delegado em relatório da Omertà. "Relaciono algumas das obras públicas e/ou consórcios e empresas indicadas no documento mencionado, repetindo que, por se tratarem de arquivos recuperados, estão parcialmente corrompidos, não sendo permitido vincular diretamente as obras e/ou consórcios e empresas indicadas com os beneficiários encontrados e mencionados acima", afirma. Pace é taxativo: "É indubitável que os nomes que colaciono motivaram pagamento de vantagens indevidas a agentes ainda não identificados". A Omertà investiga as relações de Antonio Palocci com a Odebrecht. Planilha apreendida durante a operação identificou que, entre 2008 e o final de 2013, foram pagos mais de R$ 128 milhões ao PT e seus agentes, incluindo Palocci. As obras alvo do novo inquérito não têm relação necessária com as propinas pagas ao PT via Palocci. Novos nomes devem surgir, tanto de agentes públicos, como de políticos e operadores.

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